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Portugal e Espanha vão criar uma “fileira industrial” de lítio na fronteira

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Estela Silva / Lusa

A versão atualizada do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), divulgada esta terça-feira, revela que o Governo quer criar uma “fileira industrial” de lítio e de fabrico de baterias nas zonas fronteiriças entre Portugal e Espanha.

O ECO avança esta terça-feira que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) menciona um “projeto estratégico transfronteiriço” que unirá Portugal e Espanha no desenvolvimento de “uma fileira industrial e de inovação de processos e produtos, completa, que permita o bom aproveitamento – usando técnicas de green mining para o lítio existente nos dois países, desenvolvendo um projeto transfronteiriço para a construção e reciclagem de baterias elétricas para automóveis”.

No documento, o Governo argumenta que a fronteira com Espanha é o local ideal porque as “principais jazidas de lítio” encontram-se próximas, como é o caso de Montalegre ou Boticas, e porque “Portugal possui a capacidade de atrair a tecnologia e empresas interessadas na sua refinação”.

Por outro lado, há um “passo intermédio” entre a refinação e a produção de baterias que ainda está em desenvolvimento científico: a fabricação de células de lítio.

“O INL – Instituto Ibérico de Nanotecnologia (pertencente aos dois países) está a desenvolver projetos de criação de células de última geração que poderão em breve entrar em fase de testes”.

Portugal e Espanha pretendem ainda apostar na reciclagem das baterias, “beneficiando ainda da forte presença da indústria automóvel nos dois países”, indo “ao encontro da proposta do novo regulamento das baterias que defende uma análise de ciclo completo de vida dos produtos”.

Apesar de o documento não revelar o volume de dinheiro que será investido pelos dois países, o texto dá a entender que é um “adicional” ao que está programado.

“Para além desta dimensão programada no PRR, Portugal pretende participar nas oportunidades que venham a ser proporcionadas pelas iniciativas enquadradas no reforço da autonomia estratégica da União Europeia, designadamente, através da presença ativa nas parcerias multi-países que se estão a formar a nível europeu”, lê-se.

As 147 páginas do documento agora publicadas são um resumo das centenas que serão enviadas à Comissão Europeia com a versão final do PRR e onde devem constar mais pormenores sobre esta parceria ibérica.

Em janeiro, recorde-se, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, reafirmou “querer muito” que Portugal venha a ter uma refinaria de lítio, havendo já muitos municípios dispostos a acolhê-la.

Maria Campos, ZAP //

8 Comments

    • Joe, era isso mesmo que eu estava a pensar, com a classe de políticos submissos que temos parece-me estar já a ver o português com a picareta na mão a extrair o lítio e o mesmo a correr para lá da fronteira onde será transformado e valorizado engordando o cofre aos espanhóis.

  1. Será que já pensaram, seriamente, no impacto ambiental provocado pelas explorações de lítio? Alguém escutou as populações locais e as informou sobre o assunto? Será que as baterias vão mesmo ser recicladas ou enterradas algures, com tudo de mau que daí pode vir? Quem vai lucrar, em Portugal ou em Espanha, com o negócio?

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