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Portugal quase a entrar na “zona vermelha de risco”. Variante Delta prevalece em Lisboa e Vale do Tejo

Estela Silva / Lusa

A região de Lisboa está sobre pressão há algumas semanas, mas o resto do país também está prestes a entrar numa situação epidemiológica menos boa. A incidência nacional encontra-se próxima dos 120 casos por 100 mil habitantes e Lisboa e Vale do Tejo deverá passar os 240 nos próximos dias.

Com a quarta vaga, alavancada por Lisboa e Vale do Tejo (LVT), a incidência está a acelerar a subida, com os novos casos a duplicarem a cada 15 dias. Na sexta-feira, Portugal estava já no limite dos 120 casos a 14 dias por 100 mil habitantes.

Conjugado com um índice de transmissão (Rt) de 1,15, dentro de dias – ou horas – todo o país vai entrar na zona vermelha da matriz de risco, alerta Óscar Felgueiras, matemático especialista em epidemiologia da Universidade do Porto que tem assessorado o Executivo no combate à pandemia, e que tem por base os relatórios da Direção-Geral da Saúde.

Em declarações ao Jornal de Notícias, o especialista refere que “vamos entrar na zona vermelha de risco. Fica claro que amanhã [hoje], o país passa os 120”, avisa.

Recordando o relatório das linhas vermelhas dos peritos, segundo o qual, aqui chegados, estaríamos a aproximar-nos “de uma situação epidémica não controlada, sendo o momento de tomar medidas”. “Contextualizando, agora, a situação”, tomando indicadores como a cobertura vacinal e as variantes.

Se a linha vermelha crítica da matriz de risco está nos 240 casos/100 mil, o matemático entende que “a incidência está já tão elevada, que dificilmente se conseguirá evitar estes 240”.

Com a Delta a caminhar para dominante e com uma “quantidade grande de população suscetível e que não tem o esquema vacinal completo, o crescimento será exponencial por um período mais prolongado”, tornando inevitável que o país se pinte de “vermelho no mapa do Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças”, refere.

O aumento de casos está também a pressionar cadeias de controlo importantes da pandemia, com a percentagem de casos e contactos isolados e rastreados nas primeiras 24 horas após notificação a ficarem abaixo dos 90% recomendado pelos peritos.

Variante Delta

A prevalência da variante Delta do novo coronavírus, associada à Índia, é superior a 60% na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo resultados preliminares hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

O estudo sobre a diversidade genética do SARS-CoV-2 em Portugal do INSA indica ainda que na região Norte a prevalência desta variante do SARS-CoV-2 “é ainda inferior a 15%”.

O instituto relembra que “se estima que a variante Delta tenha um grau de transmissibilidade cerca de 60% superior à variante Alfa”.

Os dados analisados sugerem ainda que “apenas 2,5% dos casos associados à variante Delta apresentam, ainda, a mutação K417N”.

ZAP //

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