Portugal tem mais 796 mil eleitores do que população residente com 18 e mais anos. O número de inscritos nos cadernos eleitorais, em território nacional, apresenta uma diferença de 9,3% face ao número de residentes estimado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no final de 2018.
A situação verifica-se em todos os distritos do país, mas Vila Real, Açores e Bragança são os que têm mais eleitores do que residentes, de acordo com os cálculos da TSF.
A diferença ultrapassa os 30% nestes três distritos: 31,9% em Vila Real, 31,7% nos Açores e 29,6% em Bragança. Viana do Castelo (21,7%) e Guarda (19,6%) também apresentam diferenças elevadas. A disparidade é menor em Santarém (4,9%), Faro (4,8%), Lisboa (4,4%) e Beja (3,2%).
Não se sabe de onde surgem estes eleitores, mas o problema pode estar relacionado com o facto de alguns cidadãos terem mudado de morada, por exemplo quando emigram, mas não terem feito essa alteração no Cartão de Cidadão. A mudança de morada no Cartão de Cidadão altera o local onde o eleitor vota. A questão também pode estar relacionada com a desatualização dos cadernos eleitorais tendo em conta os óbitos.
Em 2013, o número de “eleitores-fantasma” ultrapassava o milhão, de acordo com um levantamento do Jornal de Notícias. O facto de existirem mais eleitores do que população pode aumentar a abstenção, que nas últimas legislativas ficou nos 51,43%, o valor mais elevado de sempre. Em território nacional, a abstenção fixou-se nos 45,5%.
Os dados da TSF demonstram que a abstenção nas legislativas de 6 de outubro foi maior precisamente nos três distritos que apresentam maiores diferenças entre o número de eleitores e de residentes. Nos Açores a abstenção foi de 63,5%, em Bragança atingiu 55,11% e em Vila Real chegou a 54,24%.