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Defesa “sem rei nem roque”. Ex-presidente do Arsenal do Alfeite demitiu-se e foi contratado pela empresa-mãe

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José Sena Goulão / Lusa

A saída de José Miguel Fernandes da presidência da Administração do Arsenal do Alfeite, em Janeiro passado, apanhou todos de surpresa, pois só passou 8 meses no cargo. Nesse mesmo mês, foi contratado pela idD – Portugal Defence, a empresa que gere o Alfeite, e, agora, o PSD quer explicações do Governo.

A coordenadora da Defesa na bancada do PSD, Ana Miguel dos Santos, pede explicações ao ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, considerando que “o que está a acontecer no Ministério da Defesa não para de surpreender“, conforme declarações à TSF.

“O PSD está muito preocupado com as indústrias de defesa, notícias de nomeações e desnomeações na idD, aquilo que nasceu como plataforma de apoio às empresas parece, sem dúvida, estar transformado numa plataforma de interesses“, lamenta ainda a deputada do PSD.

Ana Miguel dos Santos nota que, em apenas dois anos, a idD “teve três conselhos de administração”. Além disso, “o plano de investimento que chegou a ser anunciado ainda não saiu do papel, está moribundo“, constata.

“O que nós tememos é que venha a acontecer ao Arsenal do Alfeite aquilo que aconteceu aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, até porque os responsáveis são os mesmos”, aponta ainda a deputada do PSD.

“Isto tem andado sem rei nem roque e isso é que é preocupante”, lamenta, por seu turno, o deputado comunista António Filipe, também em declarações à TSF.

“Eles têm sido sempre os mesmos, o pessoal das estruturas de topo das indústrias de defesa vão rodando de umas para as outras, já não é coisa que me espante por aí além”, diz ainda António Filipe.

“Não é uma coisa fácil de entender”

José Miguel Fernandes esteve apenas oito meses no cargo de presidente do Conselho de Administração do Arsenal do Alfeite. Em Janeiro passado, demitiu-se alegando “motivos pessoais”.

Mas, nesse mesmo mês, foi contratado como assessor na idD – Portugal Defence, a empresa que gere o Arsenal do Alfeite, para “trabalhar no contexto da elaboração de um estudo compreensivo sobre a Economia de Defesa”, como explica à TSF o presidente daquela empresa, Marco Capitão Ferreira.

Na Comissão de Trabalhadores do Alfeite (CTA), a situação é vista como “extremamente curiosa”, conforme declarações do membro António Pereira à TSF.

“É mais uma daquelas [casos] que acontece no nosso país. Não é uma coisa fácil de entender, sair por motivos pessoais e depois ter disponibilidade para estar na idD”, aponta o elemento da CTA.

Mas o caso de José Miguel Fernandes não é único. Em Fevereiro de 2021, a TSF noticiou que a idD tinha contratado, “pela segunda vez num ano, em gabinete ministerial“.

Além disso, a estação nota ainda a nomeação de Alberto Coelho para a EMPORDEF – Tecnologias de Informação SA depois de ter sido responsabilizado pela derrapagem de mais de 2 milhões de euros nas obras do antigo Hospital Militar de Belém.

PSD quis explicações, mas PS e PCP não permitiram

Em Janeiro, aquando da demissão de José Miguel Fernandes, o PSD quis ouvir explicações no Parlamento, mas o PS e o PCP não o permitiram, com votos contra dos socialistas e a abstenção dos comunistas.

Nessa altura, um membro da CTA, Rui Ferreirinha, manifestou, em declarações ao Diário de Notícias (DN), a sua estranheza com a chegada e a saída de José Miguel Fernandes em apenas oito meses.

O que nos faz mais confusão é perceber o que veio afinal fazer aqui esta pessoa. Recordamos que no passado tinha saído pela porta dos fundos da empresa [tinha sido vogal do Conselho de Administração da Arsenal do Alfeite, S.A., de onde saiu marcado por várias decisões polémicas, como despedimentos de técnicos especializados e em ruptura com a Marinha, incluindo conflitos com o então comandante da base do Alfeite] e regressa em 2020, pela mão do Sr. Ministro da Defesa que o apresenta como alguém de sua confiança. Era a equipa da sua confiança e o Presidente do Conselho de Administração sai passados oito meses?”, questionava então Ferreirinha, como citou o DN na altura.

ZAP //

5 Comments

  1. O país está todo desgovernado. Acho que é altura desta gente ir trabalhar e deixar outros governarem isto. Na administração interna todos sabemos o desgoverno que por lá vai. Na defesa, nem sei bem como é que o ministro ainda é ministro depois de um bofetadão em público dado pelo PR. Curiosamente o da administração interna também já levou um ou dois em público do PR. Esta gente agarra-se como lapas ao poder. Vê-se bem que as alternativas profissionais devem ser zero. Um pouco na linha do que eles próprios são. Na saúde temos um hospital inteiro em Setúbal sem chefias!!! E todo um SNS sem condições para o que quer que seja. No ministério do ambiente prefiro nem falar, até porque estou certo que os tribunais pronunciar-se-ão sobre o que andam a fazer ministro e secretário de estado daqui a alguns anos. Na educação temos um ministro que nem sabe falar!!! Nem sabia que isso era possível! “O melhor classificado”… coisa linda de se ouvir! Desconhecerá que quando o advérbio “bem” antecede o particípio passado do verbo, o adjectivo verbal, o termo a utilizar é “mais bem” e não melhor. Mas é sempre tosco ter um ministro da educação a deseducar quando deveria educar. E depois é mentiroso… o que também não é nada agradável a quem supostamente deveria ser o primeiro a dar bons exemplos. Todos nos lembramos do que foi dito aquando da pandemia “as escolas públicas ou privadas não podem desenvolver a atividade educativa à distância”. Depois, como isso foi ridicularizado em Inglaterra, lá veio dizer que nunca tinha proibido os privados. Enfim… Eles assumem mesmo que todos os portugueses são parvos… e surdos… E se calhar até somos!
    Na Justiça todos nos lembramos da bela nomeação do procurador europeu! Coisa linda de se ver. A sorte do Costa foi que ele se lembrou de fechar as escolas por causa da pandemia no próprio dia em que Portugal levou o maior puxão de orelhas de que há memória no Parlamento Europeu. Se o Costa não o tivesse feito, teria sido notícia de abertura e consumido muito tempo de antena. Assim, só se falou do encerramento das escolas e ninguém soube praticamente da vergonha que ele passou na Europa.
    Em relação à ministra da agricultura penso que o seu passado em Abrantes fala por si. Nem é preciso dizer mais nada.
    O das pescas até me parece competente, mas coitado… penso que ninguém sabe quem ele é. Mas até parece dos melhores deste governo.
    O dos negócios estrangeiros é sem dúvida o mais competente de todos. No entanto, meteu o pé na poça na questão do Afeganistão. Não será um processo simples, mas abandonámos quem auxiliou diariamente os nossos militares no terreno. Não é bonito. É bem feio.
    A da coesão territorial até pode ser competente e trabalhadora mas tem uns emails que nunca ficaram devidamente esclarecidos na ccdrc.
    O das finanças não é mau. Podia ser, porém, mais verdadeiro. O atual OE é um exemplo. Dizem que baixam impostos quando na realidade não o farão. Bem pelo contrário. A carga fiscal aumentará para os agregados com maiores rendimentos (o que em Portugal é o mesmo que dizer para toda a classe média).
    O da economia…bem o da economia. Ele até é bem intencionado e tudo o mais. Mas alinha no discurso típico do Costa. Promete-se muito mas depois de esprimido pouco ou nada sai. Basta ver que na primeira fase da pandemia prometeu 4,7 mil milhões de euros em apoios às empresas e nesse período temporal ficou abaixo dos 800 milhões. Para a TAP é que parece que não há limite. Penso que já iremos próximos dos 3,5 mil milhões (entre o que já foi introduzido e o que será já para breve segundo recentes declarações).
    O das infraestruturas é o único que tem coragem para fazer frente ao Costa. Obviamente que o faz porque tem peso no PS e está a definir o seu futuro no partido. Quanto à ação política tem sido uma desgraça. O dossier TAP é um belo exemplo do que nos tem custado a teimosia de um governo em prosseguir com uma utópica ideia que a TAP serve o país e as comunidades. Isso não é verdade nem o foi nas últimas 3 décadas. A comprová-lo basta pensar que os turistas chegam pelas low cost e os nossos emigrantes não voam na TAP por ser cara e não ser pontual.
    Penso que não me estou a esquecer de nenhum. Apenas do PM mas esse penso que já todos o conhecemos sobejamente. É um espertalhaço e a nossa sorte é que temos um PR ainda mais astuto. Caso contrário o que seria de nós.

    • Assim vai o Burgo, agradeço o que escreve e a forma como escreve, eu não tenho tanta paciência e sabedoria para escrever tal prosa e estou de acordo com tudo o que escreveu. Bem haja.

  2. Este ministro da defesa parecia ser tão certinho e afinal parece que governa de forma lastimosa. É tempo de este sujeito dar a vez a outro.

  3. Mais um comprado por interesses externos para mimar o sistema!…
    Ao fim de 8 meses muda de equipa e leva informação e contactos…

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