Casamentos caíram para valor mais baixo desde 1980 e divórcios também aumentam, apesar do impacto inicial positivo do período de reflexão.
A China registou 6,1 milhões de casamentos em 2024, o número mais baixo desde que se iniciaram os registos, em 1980, de acordo com dados divulgados esta segunda-feira pelo Ministério dos Assuntos Civis.
E ao mesmo tempo, cada vez mais casais se divorciam. No ano passado, cerca de 2,6 milhões de casais registaram-se para pedir o divórcio, um aumento de 28.000 em relação a 2023.
O mínimo histórico de casamentos representa um novo declínio, após uma recuperação em 2023, depois de anos consecutivos de contração, de acordo com o relatório estatístico do quarto trimestre de 2024, difundido pelo ministério.
Em 2023, foram registados 7,68 milhões de casamentos no país asiático, em comparação com 6,83 milhões em 2022, um número que já era um mínimo histórico.
Especialistas chineses explicaram que o pico de 2023 poderá dever-se a fatores como a pandemia da covid-19, que levou a uma redução da interação pessoal entre homens e mulheres, resultando num efeito de adiamento das núpcias para depois do período pandémico.
De acordo com os especialistas, as razões para o declínio no número de registos de casamento desde 2014 incluem uma redução da população jovem, o desequilíbrio de género na China, com mais homens do que mulheres entre a população jovem, o adiamento da idade do casamento, os custos elevados para casar e uma mudança de atitudes em relação ao casamento.
Quanto aos divórcios, são cada vez mais frequentes em parte devido à redução do estigma social e maior autonomia das mulheres. A China determinou um período de “reflexão” de 30 dias para as pessoas que pedem o divórcio desde 2021 — apesar das críticas de que a medida poderia dificultar a vida das mulheres que procuram deixar casamentos abusivos.
No 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”.
A China registou um declínio da população em 2022, 2023 e 2024, as primeiras contrações desde 1961, quando o número de habitantes diminuiu em consequência do fracasso da política de industrialização do Grande Salto em Frente e da fome que se lhe seguiu.
ZAP // Lusa