O Departamento de Polícia de Nova Iorque (NYPD) gastou mais de 159 milhões de dólares em sistemas de vigilância e manutenção desde 2007. Os gastos foram feitos sem supervisão pública, de acordo com documentos recém-divulgados.
A Legal Aid Society (LAS) e o Surveillance Technology Oversight Project (STOP) tiveram acesso aos documentos do NYPD, que incluem contratos com fornecedores.
Os documentos mostram que o NYPD gastou milhões de dólares em reconhecimento facial, tecnologia de policiamento preditivo e outros sistemas de vigilância.
O NYPD fez as aquisições através de um Fundo de Despesas Especiais, sendo que não foi necessário obter a aprovação do Conselho de Nova Iorque ou de outras autoridades municipais antes de assinar os contratos, escreve a Wired.
Agora, tanto a LAS como o STOP ameaçam avançar com uma ação legal caso a polícia de Nova Iorque não apresente detalhes sobre as suas práticas de vigilância.
Segundo o Wired, entre os documentos estão contratos da Palantir, American Science and Engineering e a Idemia Solutions, que presta serviços biométricos, como é o caso de reconhecimento facial.
Por exemplo, em 2016, o NYPD assinou um contrato de três anos – de cerca de 750.000 dólares – com a American Science and Engineering, para que a empresa fornecesse vans móveis de raios-X, desenvolvidas originalmente para detetar dispositivos explosivos improvisados em zonas de conflito.
No entanto, as autoridades de saúde já tinham vindo a alertar que os dispositivos poderiam representar um risco para a saúde pública devido às elevadas taxas de radiação.
“Durante anos, o NYPD escondeu do público o seu fundo secreto de vigilância, não para nos proteger, mas para proteger os seus resultados financeiros”, afirmou o diretor executivo da STOP, Albert Fox Cahn, em comunicado.
“As tecnologias são caras, invasivas e simplesmente não funcionam. Mas o NYPD não está apenas a desperdiçar milhões em tecnologias não comprovadas, está a colocar as comunidades negras e pardas em risco. Erros de alta tecnologia costumam ser apenas o primeiro passo para uma prisão injusta devido a um algoritmo defeituoso”, acrescentou o responsável.
Em sua defesa, um porta-voz do NYPD disse à Wired que “nenhum departamento de polícia ou agência federal chegou ao nível de profundidade e transparência nas ferramentas de aplicação da lei usadas no campo que o NYPD atingiu”.