O agente que fez os disparos ainda não foi ouvido no âmbito do processo disciplinar que foi aberto.
O agente da PSP que disparou mortalmente sobre Odair Moniz, em outubro, na Cova da Moura, ainda não foi ouvido pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) no âmbito do processo disciplinar instaurado.
Segundo fontes do Jornal de Notícias, os outros agentes presentes no local já foram inquiridos pela IGAI e confirmaram as declarações prestadas anteriormente à Polícia Judiciária (PJ) e ao Ministério Público (MP).
O agente responsável pelos disparos, um jovem na casa dos 20 anos, assegurou tanto à PJ como ao MP que viu a lâmina da faca na bolsa de Odair Moniz e acreditou que estava prestes a usá-la durante um confronto físico com outro agente.
De acordo com o relato do agente à PJ, a intervenção policial começou quando Odair Moniz, residente no Bairro do Zambujal, na Amadora, fugiu a uma fiscalização de rotina. Durante a perseguição, o condutor entrou no Bairro Alto da Cova da Moura, abalroou vários veículos estacionados e acabou por ficar imobilizado. Após sair do carro, resistiu à detenção, entrou em confronto físico com um dos agentes e, segundo a PSP, tentou alcançar a faca que trazia na bolsa.
Nessa sequência, o agente disparou quatro vezes: dois tiros de aviso para o ar e outros dois que atingiram Odair. A vítima foi transportada para o Hospital São Francisco Xavier, onde acabou por falecer. A faca foi apreendida no local, mas não chegou a ser exibida pela vítima.
Inicialmente, a Direção Nacional da PSP classificou a ação como legítima defesa. Contudo, as provas recolhidas e os depoimentos contraditórios apontam para a hipótese de excesso de força. A PJ está inclusive a investigar suspeitas de que a faca de Odair terá sido plantada no local e de falsificação do auto do caso.
O caso gerou controvérsia, com apelos de várias organizações para uma apuração rigorosa dos factos, e várias noites de desacatos na zona de Lisboa.