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Polícia de Atlanta que matou afro-americano Rayshard Brooks vai ser acusado. Trump defende agente

Erik S. Lesser / EPA

O agente Garrett Rolfe de Atlanta, na Geórgia, que baleou mortalmente Rayshard Brooks, quando este fugia e apontou uma arma de eletrochoque, vai ser acusado pela morte deste afro-americano, anunciou esta quarta-feira o procurador distrital de Fulton County.

De acordo com a Associated Press (AP), o procurador distrital de Fulton County Paul Howard fez o anúncio durante uma conferência de imprensa, onde também estava a mulher de Brooks, Tomika Miller, e os seus advogados, Justin Miller e L. Chris Stewart.

Garrett Rolfe foi despedido na sequência do homicídio de Rayshard Brooks, de 27 anos, na última sexta-feira. A dirigente da polícia de Atlanta, Erika Shields, demitiu-se 24 horas depois do incidente.

A notícia desta quarta-feira surgiu na sequência de um pacote apresentado pelo Partido Republicano para reformar a polícia norte-americana e de protestos que ocorreram na capital da Geórgia contra o homicídio pela polícia de George Floyd, também afro-americano, em Minneapolis, no Minnesota.

O caso de Brooks ocorreu quando a polícia de Atlanta foi chamada para uma ocorrência num restaurante do franchising Wendy’s, por causa de um automóvel que estaria a bloquear a faixa do drive-thru. Os agentes encontraram Brooks a dormir dentro da viatura e pediram-lhe para realizar um teste de alcoolemia.

As câmaras de vídeo nas viaturas da polícia mostram que o cidadão afro-americano e os agentes estiveram a conversar calmamente durante cerca de 40 minutos. Contudo, Brooks acabou a lutar com os agentes e a fugir com o taser de um deles, apontando-a enquanto fugia pelo parque de estacionamento do estabelecimento de restauração.

A autópsia revelou que o cidadão foi baleado duas vezes nas costas.

Em entrevista à Fox News, Donald Trump defendeu Garrett Rolfe. “Não podes resistir a um polícia e, se discordares, tens de agir depois”, disse o Presidente dos estados Unidos. “Estava fora de controlo, toda a situação estava fora de controlo”, acrescentou.

Trump revelou que conversou com o advogado de Garrett Rolfe, que lhe terá dito que o polícia ouviu um som que parecia um tiro, daí ter agido. “Não sei se acredito nisso necessariamente, mas é algo muito interessante e talvez até tenha mesmo sido assim”, afirmou Trump. “Eles vão ter de descobrir. Agora, é com a justiça. Espero que ele [Rolfe] receba um tratamento justo, porque a polícia não tem sido tratada correctamente no nosso país.”

Este caso surge numa ocasião de manifestações por todo o território norte-americano, que começaram por contestar a morte de Floyd e se converteram num protesto antirracista sem precedentes.

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis, no Minnesota, depois de um polícia caucasiano lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos, durante uma operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem. Os protestos rapidamente ganharam dimensão internacional, espalhando-se a Londres, Paris, Berlim ou Lisboa.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão. Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

ZAP // Lusa

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