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Poder de compra dos portugueses está pior do que há 10 anos (e atrás de países do Leste)

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Nuno Fox / Lusa

O ministro das Finanças, João Leão

O poder de compra dos portugueses piorou em 2019 relativamente há 10 anos e em comparação com a média da União Europeia. O nosso país surge atrás de alguns países da Europa de Leste como Estónia e Lituânia.

O Produto Interno Bruto (PIB) per capita, analisado em termos de paridade de poder de compra, foi, em Portugal, de 79,2% da média da UE em 2019, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

O valor revela uma melhoria relativamente a 2018, mas é pior do que o de 2009 que foi de 83,1%.

“Entre os 19 estados membros que integram a zona Euro, Portugal ocupava em 2019 a 16ª posição, abaixo da Estónia (83,8), da Lituânia (83,5) e à frente da Eslováquia (68,2), Letónia (69,1) e Grécia (66,5)”, destaca o INE.

“É um sinal da nossa estagnação”, considera o economista João Duque em declarações ao Dinheiro Vivo. “E estamos a ser ultrapassados por países como a Estónia e a Lituânia. É impressionante”, acrescenta.

João Duque repara que os dois países da Europa de Leste “partiram de valores muito abaixo dos de Portugal”, com a Estónia a registar 64,6% e a Lituânia a situar-se nos 56,9% em 2009.

“É o resultado de governos que orientam as políticas para a eleição. Num país de hipocondríacos, actuam em duas áreas: garantir que os portugueses vão receber reforma e vão ao hospital“, critica ainda o economista, defendendo que deviam antes orientar-se para a atracção de investimento e para o crescimento da economia.

No indicador Despesa de Consumo Individual (DCI) per capita que é “mais apropriado para reflectir o bem-estar das famílias“, como destaca o INE, “o posicionamento relativo de Portugal é superior à indicada pelo PIB per capita no conjunto dos países considerados, ocupando a 13ª posição“, considera o organismo.

Em 2019, “a DCI per capita medida em PPS [a Paridade do Poder de Compra] fixou-se em 86,2% da média da UE27=100, valor superior em 1,1 pontos percentuais ao observado em 2018 (85,1%)”, refere ainda o INE.

Também a riqueza per capita melhorou em 2019, com uma subida de 0,9% relativamente a 2018, passando a ser de 79,2% da média da UE.

Em termos globais, o INE salienta “o crescimento significativo dos índices de volume do PIB per capita da Roménia e do Montenegro, o primeiro e o segundo mais elevados de todos os 37 países” analisados.

Já os índices da Noruega e da Turquia “apresentaram as reduções mais significativas (-5,7% e -6,2%, respectivamente)”.

O Luxemburgo lidera com o índice mais elevado (260,1%) dos 37 países analisados, “mais de duas vezes e meia acima da média” da UE a 27 e “cerca de cinco vezes maior que o da Bulgária (53%), o país da UE com o valor mais baixo”.

Susana Valente, ZAP //

8 Comments

  1. Que grande novidade Sr. Ministro,o senhor veio de onde?Portugal é assim há anos,não é só de agora.Foi as promessas do 25 de Abril que causou o problema.Mas tenho más notícias,vamos continuar o país mais ”pedinte” da UE por muitos mais anos olhando à capacidade dos políticos que nós contribuintes estamos a sustentar.

  2. É só ver como é a política económica do Luxemburgo e outros países ricos e que partidos os têm governado. Depois tiram-se ilações.

  3. Certeza, certezinha, os “Duques” deste país não tiveram quebras de rendimento…
    Os números do Luxemburgo, país de faz-de-conta, não interessam para nada. Olhe-se para a Irlanda, há 10 anos atrás estava de tanga. A diferença é que os irlandeses têm orgulho, são patriotas, trabalham no seu país, não são como os portugueses que só trabalham no estrangeiro e porque a tal são obrigados. Somos o que um ministro holandês disse tempos atrás, trabalhamos pouco e gastámos o que não temos e vivemos do crédito malparado. Somos pobres porque nada fazemos, como povo, para inverter uma situação que exigiria sacrifícios para os quais não estamos preparados, deve ser do clima. Os políticos são o reflexo do povo que somos: feios, porcos e preguiçosos. E, sim, vamos ser ultrapassados, pelos países da Europa de Leste, é uma questão de tempo. Camões definiu, genialmente, o povo que somos: “velhos do Restelo”.

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