“É óbvio que os pobres ucranianos não vão vencer”

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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán

Análise do primeiro-ministro da Hungria. Putin assegura que a Rússia nunca começou uma guerra com o país que “nem existia” até à URSS.

O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu esta terça-feira que a Rússia “não iniciou nenhum tipo de guerra” e afirmou que a “operação militar especial” iniciada em fevereiro de 2022 na Ucrânia é de natureza defensiva.

“Muitas vezes nos dizem que a Rússia iniciou algum tipo de guerra. Não. A Rússia, com a ajuda de uma operação militar especial, está a tentar parar esta guerra que estão a travar contra nós“, defendeu o Presidente russo.

Putin argumentou que a Rússia está a ser vítima de uma guerra para permitir que o seu povo não fique excluído das “fronteiras históricas dos estados russos”.

“Isso é uma injustiça histórica (…)”, assegurou Putin, que nos últimos meses defendeu a invasão da Ucrânia como forma de recuperar parte de um território e população que, na sua perspetiva pertencem historicamente à Rússia.

O Presidente russo reconheceu que a Rússia atravessa tempos “difíceis”, embora tenha incentivado os cidadãos a aproveitar o contexto para fortalecer o “sentimento nacional” e “as bases da espiritualidade” do país, para além de promover a prosperidade económica e educacional.

Ucrânia “nunca existiu até 1922

O Presidente russo, Vladimir Putin, insistiu que a Ucrânia nunca existiu “na história da humanidade” até à sua “criação” pela União Soviética (1922), uma das razões para justificar a intervenção militar no país vizinho.

“As autoridades soviéticas criaram a Ucrânia soviética. Isso é uma coisa conhecida. E até essa altura não existia uma Ucrânia na história da humanidade”, defendeu Putin, durante um encontro com o presidente do Tribunal Constitucional da Rússia, Valeri Zorkin.

Putin fez o comentário enquanto olhava para o mapa do Império Russo desenhado na França no século XVII, oferecido por Zorkin, que recebeu hoje um prémio no Kremlin.

De acordo com os `media` russos, neste mapa, vários territórios foram marcados como entidades independentes, como a Polónia ou a Lituânia, mas não a Ucrânia.

Durante a cerimónia realizada no Kremlin, Putin sublinhou que parte do povo russo foi separada do resto do Estado devido a uma “injustiça histórica”, aludindo à divisão da URSS em 15 países independentes em 1991.

“Mas eles nunca deixaram de ser o nosso povo“, explicou Putin, usando o mesmo argumento que tem repetido há vários anos.

O atual líder russo acredita que Kiev deveria agradecer ao fundador da URSS, Vladimir Lenine, por permitir a criação da República Socialista Soviética da Ucrânia.

A URSS nasceu em dezembro de 1922 como um estado federal, quando o ponto 26 do tratado contemplava o direito de cada república de sair livremente da união, deixando russos e ucranianos em pé de igualdade.

Esta opção foi aproveitada por várias repúblicas para romper com o controlo do Kremlin no final dos anos 80 do século passado, o que levou ao desaparecimento da URSS.

Putin não hesitou em acusar Lenine de ter colocado “uma bomba atómica sob o prédio chamado Rússia”, que “explodiu mais tarde”, ao reconhecer o direito à autodeterminação dos povos.

Recentemente, o Ministério da Educação russo anunciou o desenvolvimento de um novo manual de história para o último ano do ensino secundário com capítulos dedicados à ofensiva na Ucrânia.

A imprensa independente russa denunciou que referências positivas à Ucrânia desapareceram em várias descrições históricas, especialmente no que diz respeito ao primeiro reino eslavo medieval, com a capital na atual Kiev, e que tanto russos como ucranianos consideram ter sido o precursor primordial dos seus respetivos estados.

Os “pobres ucranianos”

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, declarou hoje que a Ucrânia não conseguirá vencer a guerra contra a Rússia, pedindo negociações com Moscovo para por um fim ao conflito

O líder nacionalista húngaro, que se opõe a outros membros da União Europeia (UE) devido a guerra na Ucrânia e que se recusa a ajudar militarmente o país vizinho, reiterou os seus apelos por um cessar-fogo.

“É óbvio que a solução militar não funciona”, afirmou Órban num fórum económico no Qatar, acreditando que a invasão russa em 2022 foi fruto de uma “falha da diplomacia”.

“Se olharmos para a realidade, os números, o contexto e o facto de a NATO não estar pronta para enviar tropas, é óbvio que não há vitória para os pobres ucranianos no campo de batalha. Esta é a minha posição”, afirmou o político húngaro.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, confirmou hoje que a Hungria se recusou a libertar uma nova parcela da ajuda militar para a Ucrânia, mas previu que este apoio será desbloqueado.

Para Viktor Orbán, um novo acordo europeu de segurança deve ser negociado com Moscovo após um cessar-fogo.

“Como Estado, a Ucrânia é, obviamente, muito importante, mas a longo prazo, do ponto de vista estratégico, o que está em jogo é a segurança da Europa no futuro”, avaliou o líder húngaro.

“É claro que sem os Estados Unidos, não há arquitetura de segurança para a Europa. E esta guerra só poderá ser travada (…) se os russos chegarem a um acordo” com Washington, acrescentou.

O primeiro-ministro húngaro criticou os líderes da UE por serem “muito intelectuais”.

A Hungria, cujas necessidades de energia dependem da Rússia, está a negociar um acordo de importação de gás natural com o Qatar, segundo Órban, referindo que o início previsto para as entregas é 2026.

// Lusa

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