O plano do Chega para “destruir o sistema” e fazer “cair esta República”

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Miguel A. Lopes/Lusa

André Ventura

O líder do Chega tem adotado uma postura crítica ao funcionamento das instiuições e já apresentou propostas polémicas que desafiam a separação dos poderes tradicional.

Durante a campanha para as eleições europeias, João Graça, deputado do Chega, elogiou o golpe militar de 28 de maio que derrubou a Primeira República e abriu caminho para a ditadura, afirmando que o Chega também “fará cair esta República“.

O líder do partido, André Ventura, ao ser questionado, não censurou Graça e reforçou que o objetivo é substituir a atual República por outra, mais democrática. Na campanha para as legislativas, Ventura já tinha até prometido que “só há uma marreta capaz de des­truir este sistema, e é o Chega.”

Ventura tem consistentemente manifestado o desejo de pôr fim ao atual regime e estabelecer um novo, utilizando a crescente força parlamentar do Chega para testar as instituições. Com 50 deputados, o partido conseguiu impor Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) unilaterais, como no caso das gémeas, e tentou, sem sucesso, abrir um processo-crime por traição à pátria contra o Presidente da República, recorda o Expresso.

Apesar das críticas de que está a tentar destruir a democracia, Ventura tem conseguido atrair apoio, especialmente ao usar retórica contra a corrupção, que associa diretamente aos partidos que têm governado Portugal.

Ventura também apresentou outra proposta que pode alterar os poderes do Parlamento quando pediu o acesso às comunicações entre Marcelo e o filho. Atualmente, este tipo de pedidos só pode ser feito pelo Ministério Público e depende da aprovação de um juiz, pelo que esta iniciativa pode dar às comissões de inquérito um poder semelhante ao dos tribunais.

O auditor jurídico do Parlamento deu um parecer favorável às pretensões do Chega, mas Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, pediu um outro parecer ao Ministério Público, frisando que a Assembleia “não se pode confundir com os tribunais”.

O politólogo António Costa Pinto considera que este constante teste aos limites “é o modo de funcionar do Chega” e aponta que o caso das gémeas é especialmente favorável a um partido com retória anti-sistema, dado juntar fatores como “o privilégio da classe política que o povo não alcança, as cumplicidades familiares e das instituições, como o Governo, ou o ministério, ou o hospital”.

O líder do Chega não esconde as intenções de mudar radicalmente o país, tendo até já se mostrado nostálgico por Salazar na campanha. “Quando era novo, a minha avó dizia assim: ‘Isto já só vai lá com dois Salazares.’ E hoje orgulho-me muito quando as pessoas sabem que afinal já não é preciso Salazar nenhum. Passam na rua e dizem assim: ‘Isto só vai lá com o Ventura para pôr este país na ordem!’”, afirmou.

Este discurso tem ressoado com parte do eleitorado, consolidando o Chega como uma força significativa no panorama político português, mesmo que suas ações sejam frequentemente criticadas como uma ameaça ao sistema democrático.

ZAP //

8 Comments

  1. Já que nos últimos 50 anos ninguém fez nada, ou seja, fazer fizeram, o que está á vista de todos, pode ser que haja alguém que mude isto, não vou dizer para melhor porque para muitos isto está bom. Força CHEGA-LHES.

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  2. O Ventura é pouco inteligente e incapaz de governar sequer o seu partido quantoais o pais, tenha juizo. Fartos de metirosos estamos nós, o Ventura é o pior deles todos.

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  3. O André Ventura fala muitas verdades, inconvenientes para a classe politica e não só, tem CORAGEM para as dizer ! Se, seria boa ideia estar a governar o País, não sei, agora o que me parece é que o Partido Chega e o seu secretário geral André Ventura devem ter assento parlamentar na Assembleia da República e com um número elevado de deputados, como está.

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  4. EU calculo que muitos dos que vivem as custas do PS ou PSD fiquem assustados e vociferem cobras e lagartos . Como dizia alguem, habituem-se.

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  5. Ventura representa os pobres de espírito que se sentem abandonados pelo poder. Com Ventura as suas frustrações são sublimadas através da indignação contra todos os que culpabilizam pelas suas desgraças. São um caso de estudo.

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  6. O A Ventura vive dos pobres de espírito. Infelizmente isso é mato em Portugal. Regurgita um conjunto de tretas capazes de enganar somente os mais tolos e mais distraídos. Enfim…tem muito por onde desbravar.

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  7. Se Ventura é também “farinha do mesmo saco”, pelo menos é o único com coragem de tocar em assuntos em que todos os outros insistem em assobiar para o lado.
    O país em certos aspectos, tem vindo a involuir!

  8. Bem ….de Populista a Narcisista , já deu mais un passo . Pode ser a pedra nos sapatos de muitos Outros Políticos e Pulhiticos , fazendo alusão a substituir a atual Democracia por uma Democracia (mais Democrática) , algo não bate certo com as eternas referencias a Salazar , que por o qual tem uma admiração bem enraizada ! ………..Talvez , sendo Eleito a 1º Ministro , possa tornar a pseudo Nova Democracia , num pedregulho nos Sapatos dos Portugueses en geral . Vivi e conheci a “Democracia de Salazar” , não espero vive-la de novo ! . Mas enfim cada Un sabe de Si !

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