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PJ quer promover inspetor investigado no processo Football Leaks

Tiago Henrique Marques / Lusa

A Polícia Judiciária quer promover Rogério Bravo, inspetor envolvido no processo Football Leaks. Sabe-se que a promoção está a causar mal-estar na polícia.

A Polícia Judiciária (PJ) recorreu a um mecanismo excecional para promover um dos inspetores cuja atuação no processo Football Leaks foi posta em causa, escreve o jornal Público.

Em causa está o inspetor-chefe Rogério Bravo, que se dedica à criminalidade informática. A sua atuação foi posta em causa numa exposição feita pela candidata presidencial Ana Gomes, depois de Rui Pinto lhe ter falado da proximidade entre alguns homens da PJ e o fundo de investimento Doyen, que acusa o denunciante de chantagem.

O Ministério Público abriu um inquérito a Rogério Bravo, não tendo encontrado indícios de qualquer tipo de crime cometido pelo inspetor da Judiciária. No entanto, um representante legal da Doyen ouvido em tribunal no julgamento do processo Football Leaks revelou alguns dados que podem comprovar a proximidade referida por Rui Pinto.

Rogério Bravo enviou um email ao advogado que prestava assessoria ao ex-administrador da Doyen, Nélio Lucas, pedindo que este fizesse um requerimento à Procuradora-Geral da República relativamente ao processo Football Leaks.

A juíza presidente do coletivo que está a julgar o caso admite que “isto não é normal”. O inspetor enviou até uma espécie de rascunho com uma proposta de requerimento. O advogado em causa, Pedro Henriques, diz não ter uma explicação para o email.

No email, Rogério Bravo pedia a Pedro Henriques que informasse o “amigo N” acerca da sugestão de requerimento, mas “limpando” a sua origem “para prevenir incidentes”.

Em tribunal, o advogado diz que não era amigo de Rogério Bravo, nem o conhecia antes do processo. Além disso, disse também que não sabia quem era o “amigo N” referido pelo inspetor da PJ. A juíza sugeriu que fosse Nélio Lucas, o antigo administrador da Doyen, ao qual Rui Pinto terá tentado extorquir dinheiro em troca de não divulgar os documentos da Doyen.

Apesar do que disse Pedro Henriques em tribunal, o advogado respondeu ao email de Rogério Bravo. “Obrigado. Assim farei. Abraço”, lê-se no email de resposta.

Noutro email trocado entre homens da Doyen sobre os planos que tinham para pressionarem o advogado de Rui Pinto a revelar a identidade do hacker, tanto Rogério Bravo como um colega seu são colocados em ‘cc’. Por outras palavras, o email foi também enviado para dois inspetores da PJ, sendo um deles Rogério Bravo.

A intenção de promover o inspetor-chefe a coordenador está a causar algum mal-estar dentro da Polícia Judiciária. O Público sabe que há quem entenda que o inspetor-chefe não reúne as condições necessárias para ser promovido por mérito. A proposta de promoção foi aprovada por unanimidade, tendo agora de ser validada pelo Ministério da Justiça.

ZAP //

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