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Pirâmide construída pelos Maias foi feita de rocha expelida por um vulcão

Uma equipa de arqueólogos que estava a fazer escavações perto da enorme pirâmide Maia no Vale Zapotitán, em El Salvador, descobriu algo impressionante.

Os investigadores descobriram que a pirâmide Maia de San Andrés começou a ser construída pouco depois de uma erupção do vulcão Ilopango — muito antes daquilo que pensavam anteriormente.

Depois da erupção de Tierra Blanca Joven, a maior erupção vulcânica de El Salvador nos últimos 10.000 anos, a vila de San Andrés ficou coberta com mais de 30 centímetros de cinzas e material rochoso quente.

A erupção, que ocorreu em 539 d.C., ejetou tanto material para a atmosfera que o clima na região arrefeceu bastante. Além disso, os terrenos agrícolas perderam fertilidade, tornando o Vale Zapotitán praticamente inóspito.

Como tal, a população local viu-se obrigada a fugir. No entanto, no caso de San Andrés, o prazo de reocupação foi surpreendentemente rápido, escreve o portal Ancient-Origins. Os Maias podem ter demorado apenas entre cinco e 30 anos a regressar, concluem os autores do estudo publicado na revista científica Antiquity.

Quase logo após regressarem, os Maias deram início à construção da pirâmide, usando as cinzas e as rochas do vulcão, misturadas com terra, para a construir.

A pirâmide terá atingido uma altura de pelo menos sete metros, com a plataforma em que estava erguida a seis metros adicionais da superfície do Vale Zapotitán.

Devido à dimensão da obra, os Maias ainda demoraram algumas décadas a concluir a construção do monumento, que foi feita em fases. Os operários ainda foram interrompidos, entretanto, por duas outras erupções vulcânicas, que atrasaram a conclusão da pirâmide.

As escavações mostraram que não havia indícios de atividade antes da erupção de Tierra Blanca Joven. Outros monumentos acabariam por ser construídos nas proximidades, mas foi este que deu início à nova tendência.

Após a construção da pirâmide, San Andrés transformou-se de uma pequena vila num local de reunião e adoração em massa.

A questão que se mantém é: porque é que os Maias decidiram construir um monumento numa zona que sabiam ser suscetível a atividade vulcânica?

Akira Ichikawa, líder da equipa de escavações, sugere que em causa possam estar as complexas e vibrantes tradições espirituais dos Maias.

“Na ótica do mundo mesoamericano, vulcões e montanhas eram reconhecidos como lugares sagrados. A cinza branca emitida pela erupção pode ter sido percebida como tendo um significado religioso ou cosmológico poderoso. Assim, o uso da tefra [rocha e cinza vulcânica] da Tierra Blanca Joven nos edifícios monumentais de San Andrés pode ter sido um importante símbolo de veneração religiosa”, explicou o investigador.

Daniel Costa, ZAP //

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