Esta segunda-feira, em entrevista à RTP, “Luís André” Villas-Boas prometeu fazer chegar a modernidade ao FC Porto. O candidato à presidência dos azuis-e-brancos disse que os adeptos portistas estão “fartos e querem mudança”.
A menos de duas semanas das eleições para a presidência do FC Porto (27 de abril), o candidato André Villas-Boas deu uma entrevista à RTP, onde prometeu levar o clube à “modernidade”.
Em entrevista à RTP, o antigo treinador do FC Porto (2010/11) garante que a candidatura Só Há Um Porto! está pronta para dar resposta à “gestão pouco rigorosa” que tem sido levada a cabo pela atual direção.
De relembrar que o presidente do FC Porto é – há 42 anos – Jorge Nuno Pinto da Costa, que tem agora pela frente um “super” Luís André…
Luís André
Questionado sobre se fica incomodado quando Pinto da Costa se refere a ele como “Luís André”, Villas-Boas riu-se e confessou que não leva a mal a ironia do presidente do FC Porto.
“Acho que são brincadeiras… o presidente tem essa ironia bem presente e são brincadeieras suas, não levo a mal“, disse o candidato de 48 anos.
“Eu estou absolutamente focado na minha candidatura e na apresentação de um projeto desportivo, financeira, associativo para o FC Porto. Todas as divergências e soundbites paralelos a este debate eleitoral não me causam transtorno nenhum”, acrescentou.
Pinto da Costa
Villas-Boas encara os ataques sucessivos de Pinto da Costa à como indicadores de uma candidatura positiva com vista à mudança.
“[Pinto da Costa] nunca pensou que a minha candidatura gerasse tanta onda de entusiasmo”, justificou Villas-Boas.
“Isto confrontou o presidente com uma situação que nunca teve em 42 anos. Os sócios fartaram-se e querem a mudança. Querem o clube na modernidade“.
Sérgio Conceição
Sobre o atual treinador do FC Porto, Villas-Boas garantiu que, se ganhar as eleições, será a primeira pessoa com quem vai falar.
“Gostava de começar por respeitar a palavra do treinador. O Sérgio Conceição sempre se colocou à parte deste ato eleitoral. Compreendo que não seja fácil para ele gerir toda a comunicação que há à volta da equipa – importante recordar que já o fez, ou seja, em 2020 também já era treinador do FC Porto”, lembrou.
“Foi campeão nacional nesse ano e também houve um ato eleitoral, portanto tem essa experiência. A novidade é que, a única coisa que diverge de 2020 será o poder da candidatura de oposição, portanto o treinador atual do FC Porto manteve-se à parte, será a primeira pessoa que eu irei abordar“, garantiu
Andoni Zubizarreta
Questionado sobre o nome Andoni Zubizarreta para ser diretor desportivo do clube, Villas- Boas admitiu que “esse obedece ao perfil desejado”.
Zubizarreta é um dos nomes maiores da história do futebol espanhol: enquanto jogador, foi guarda-redes do Athletic Bilbao, Barcelona e Valência; como dirigente, distinguiu-se no Barcelona, no início da década passada, e, de 2019 a 2021, trabalhou com Villas-Boas no Marselha.
“Tenho uma relação de muita empatia, profissional e pessoal com o Zubizarreta, portanto eu tenho planos muito bem definidos relativamente à direção desportiva. O meu FC Porto futuro assenta numa direção desportiva estruturada e será sempre esse o coração da sustentabilidade financeira do clube”, disse.
“É muito possível que isso aconteça, será um anúncio para breve, para esta quinta-feira, acho que será um anúncio do agrado dos associados”, admitiu.
Candidatura criteriosa e estruturada
Ao longo da entrevista, AVB descreveu, várias vezes, a sua candidatura como criteriosa e estruturada, fruto de uma “preparação” que vem desde há dois anos, quando deixou de ser treinador de futebol.
“Sempre perspetivei uma carreira curta como treinador, estou bem intimamente e emocionalmente vinculado ao FC Porto, como sócio e adepto, e nestes dois últimos anos dediquei-me a preparar esta candidatura de uma forma criteriosa e rigorosa”, explicou.
Gestão danosa de Pinto da Costa
O antigo treinador do FC Porto criticou também o modelo da atual direção – que considera está a levar o clube à ruína financeira.
“O FC Porto encontra-se num momento decisivo da sua estabilidade e sustentabilidade, nós nos últimos 12 anos acumulámos 250 milhões de euros de passivo. Significa que anualmente adicionamos prejuízo às contas“, lamentou.
Villas-Boas admitiu que os modelos de governação do FC Porto têm de ser “refeitos, reformatados e obedecer a gestão rigorosa e cuidada a disciplina orçamental”.
“Se o presidente continuasse na presidência, tendo também em conta as pessoas a rodeá-lo, podíamos continuar, facilmente, para a ruína financeira”, considerou AVB, antes de dizer que “isto já não vai lá com retoques de maquilhagem”.
O jornal Record avançou, esta segunda-feira, que o FC Porto não cumpriu as regras do Fair Play Financeiro da UEFA, entre Outubro de 2023 e Janeiro de 2024.
“Barbaridades”
Enquanto Villas-Boas aponta estas falhas na atual direção, “do lado de lá” vão-se dizendo “barbaridades” contra o antigo treinador do FC Porto.
Pinto da Costa atribuiu, recentemente, os maus resultados do FC Porto a uma arbitragem influenciada por Villas-Boas.
O presidente do FC Porto disse que, quando apareceu a candidatura de Villas-Boas, as arbitragens começaram a prejudicar o FC Porto.
AVB desvaloriza tais associações, sublinhando que são demonstrativas da força que a sua candidatura está a ter: “São declarações infelizes e muitas têm sido ditas durante esta candidatura e eu acho que o candidato Jorge Nuno Pinto da Costa não achasse que esta candidatura se tornasse tão forte e gerasse tanta onda de entusiasmo como está a gerar”.
Recentemente, Vítor Baía – o braço direito de Pinto da Costa – disse que Antero Henriques era o mentor de Villas-Boas e ambos vinham com a intenção de transformar o FC Porto num “entreposto de jogadores”.
Sobre declarações do antigo guarda-redes dos azuis-e-brancos, Villas-Boas disse que não podia “passar a vida a desmentir a quantidade de barbaridades ditas pela outra candidatura”.