O novo Presidente interino do Peru prestou juramento, esta terça-feira, tendo agora como principal objetivo solucionar a crise institucional que abala o país há mais de uma semana.
Francisco Sagasti, de 76 anos, vai assegurar a Presidência interina até 28 de julho de 2021, a data do fim do mandato do ex-Presidente Martin Vizcarra, cuja destituição, a 9 de novembro, desencadeou uma grave crise política e social.
Depois da destituição de Vizcarra, o então chefe do Parlamento, Manuel Merino, de centro-direita, assumiu as rédeas do país, suscitando a cólera de milhares de manifestantes, na maioria jovens, que saíram à rua em protesto contra um “golpe de Estado” parlamentar.
Após cinco dias de manifestações violentamente reprimidas, com um balanço de dois jovens mortos e centenas de feridos, Merino, abandonado pela classe política, optou por resignar.
A eleição do centrista Sagasti, do Partido Morado, para a chefia do Parlamento, numa votação onde foi candidato único, tornou-o automaticamente o novo dirigente do Peru, devido ao vazio existente na chefia do Estado. É o terceiro político a ocupar este cargo em pouco mais de uma semana.
Segundo o jornal Público, o novo Presidente de transição conseguiu 97 votos a favor e 26 contra. Antes da votação, o Congresso peruano rejeitou a candidatura da deputada de esquerda Rocío Silva Santisteban.
Assim que Sagasti foi eleito, Santisteban reagiu no Twitter com uma fotografia, em que está acompanhada pelo novo Presidente interino, e com a seguinte descrição: “O Dom Quixote Sagasti é o novo Presidente do Peru! Agora é trabalhar contra a corrupção e a crise política.”
O novo Presidente interino não votou pela destituição de Vizcarra. A sua personalidade moderada e consensual deverá permitir desbloquear a crise institucional, na perspetiva das próximas eleições Presidenciais e Legislativas de 11 de abril de 2021.
Na segunda-feira, durante o seu primeiro discurso perante o Parlamento, Sagasti indicou que, durante os oito meses do seu mandato, terá como prioridade a gestão das consequências da pandemia de covid-19.
O país andino, com 33 milhões de habitantes, é um dos mais penalizados do mundo em comparação com a sua população, com mais de 930 mil casos declarados e 35 mil mortos, enquanto a economia caiu 30% no segundo trimestre.
De acordo com o mesmo jornal, na segunda-feira, o Tribunal Constitucional do Peru começou a debater a constitucionalidade da destituição de Vizcarra, o que poderia levar ao seu regresso ao cargo. Contudo, segundo referiu a agência Reuters, não é habitual o TC anular as decisões do Congresso.
ZAP // Lusa