O Congresso peruano aprovou, esta segunda-feira, a destituição do Presidente Martín Vizcarra, que estava no cargo desde 2018.
De acordo com a BBC Brasil, a destituição de Martín Vizcarra teve 105 votos a favor, 19 contra e quatro abstenções. Eram necessários 87 votos, dois terços dos 130 deputados, para que a chamada “moção de vacância” fosse aprovada.
O Congresso declarou a “incapacidade moral permanente” do Presidente, cujo processo de destituição foi motivado por suspeitas de corrupção quando era governador do departamento de Moquegua, entre 2011 e 2014.
Vizcarra é acusado de ter recebido até 2,3 milhões de soles peruanos em subornos (cerca de 470 mil euros), por parte de empresas construtoras, para facilitar concessões de duas obras públicas.
Antes da votação no Congresso, o agora ex-Presidente defendeu a sua inocência e negou categoricamente as acusações de que é alvo, afirmando que o processo de destituição se baseava em duas reportagens que citavam uma investigação preliminar, não respeitando o “devido processo legal”.
“A História e o povo peruano julgarão as decisões que cada um tomou. Não foi imposta a razão, mas o número de votos. Saio do Governo de cabeça erguida, tal como quando entrei há 18 meses”, declarou, citado pelo semanário Expresso.
Em setembro, Vizcarra já tinha enfrentado um pedido de destituição, quando foi acusado de ter ordenado a contratação irregular de um amigo para o Ministério da Cultura. Mas, na altura, o Congresso rejeitou esta primeira tentativa de depor o Presidente.
A sua saída ocorre a apenas cinco meses das eleições gerais. Segundo o mesmo jornal, cabe agora ao presidente do Parlamento, Manuel Merino, assumir o Governo interino até 11 de abril, dia em que os peruanos serão chamados a votar.
O Expresso recorda que Vizcarra, que estava no cargo desde 2018, é o segundo Presidente do Peru em apenas dois anos. Antes, era vice de Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou ao cargo após denúncias de compra de votos de legisladores para evitar a destituição (também motivada por alegados subornos recebidos da empreiteira brasileira Odebrecht).
De acordo com a BBC, esta crise política ocorre numa altura em que o país enfrenta instabilidade económica e social, para além de ter sido gravemente afetado pela pandemia de covid-19. Segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, o Peru teve mais de 922 mil casos de infeção e quase 35 mil mortes.