O pedronunismo não morreu e Medina pode ser a sua próxima vítima

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Tiago Petinga / Lusa

Fernando Medina

As críticas ao ministro das Finanças, Fernando Medina, intensificam-se e nem três demissões nos últimos dois dias foram suficientes para calar a oposição.

Foram três demissões num par de dias. A demissão da secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, fez-se seguir das demissões do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e do secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.

Particularmente, a saída de Alexandra Reis aconteceu por sugestão do Ministro das Finanças, Fernando Medina. “Tomei esta decisão no sentido de preservar a autoridade política do Ministério das Finanças num momento particularmente sensível na vida de milhões de portugueses”, indicou o governante numa nota às redações.

Ainda assim, o antigo presidente da Câmara de Lisboa não se safa de críticas. O Jornal de Notícias realça que o ministro continua a ser contestado, sobretudo pelo PSD, por ter sido ele a escolher a ex-administradora da TAP para secretária de Estado do Tesouro.

A oposição não é a única em alvoroço. A ex-ministra da Modernização do Estado Alexandra Leitão disse que Medina deve explicar “o porquê da escolha para secretária de Estado” de alguém com “o perfil” de Alexandra Reis.

Na ótica da deputada, o Governo deve “olhar para si, sem arrogância e com humildade, e perceber que há algo que é preciso mudar”. Fernando Medina, leia-se.

O ministro das Finanças defende-se, dizendo que desconhecia a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis. Em declarações à RTP, Fernando Medina diz ter tido conhecimento do assunto pela comunicação social.

O gabinete do Ministério das Finanças sublinhou que Medina ainda não era ministro em fevereiro, quando a TAP e Alexandra Reis negociaram a indemnização.

O efeito do “pedronunismo”

Ora, Fernando Medina ainda não poderá respirar de alívio por estes dias. A senda de demissões não foi suficiente aos olhos de alguns opositores, que pedem uma maior sangria dentro do Governo.

Apesar de Pedro Nuno Santos ter caído com estrondo, isto não quer dizer que seja o fim de linha para si, como escreveu o ZAP esta quinta-feira. O ex-ministro admite agora assumir o lugar de deputado no Parlamento e, no PS, a convicção é que este não é “nem pode ser” o fim da sua carreira política.

Os “casos e casinhos”, como António Costa os batizou, não são suficientes para travar o poder de Pedro Nuno Santos no PS, mais especificamente a influência que o ‘jovem turco’ tem na ala esquerda do partido.

Segundo o Observador, o agora ex-governante é até elogiado em vários setores pela saída “digna”, “exemplar”, “à Jorge Coelho”.

Relembre-se, Jorge Coelho apresentou a demissão em 2001, depois de a Ponte Hintze Ribeiro, que liga a localidade de Castelo de Paiva a Entre-os-Rios, ter desabado, levando à morte de 59 pessoas. Nessa mesma noite, o então ministro do Equipamento Social apresentou a demissão, mesmo contra a vontade do primeiro-ministro António Guterres. “A culpa não pode morrer solteira”, diria.

Voltando a Pedro Nuno Santos, o seu futuro parece ser otimista, aos olhos de um dirigente próximo do ex-ministro. “Hoje começou a sucessão de António Costa”, disse, ao Observador.

Entre os pedronunistas, as baterias já são apontadas ao possível adversário futuro no PS, Fernando Medina. “Se alguém devia saber [do acordo] era Medina, que a escolheu para secretária de Estado”, disse um dirigente socialista ao jornal online. “É crível que Fernando Medina não soubesse?”.

Pedro Nuno Santos lançou até uma farpa contra Fernando Medina, escreve o Correio da Manhã, quando explicou as razões da sua demissão do cargo.

O ministro demissionário mencionou que todo o processo da negociação da compensação a Alexandra Reis foi acompanhado pelos serviços jurídicos da TAP, dos quais era então diretora a esposa de Medina, Stéphanie Sá da Silva.

No entanto, Fernando Medina nega que a esposa tenha tido conhecimento do acordo para a indemnização de 500 mil euros. “Não teve conhecimento, não acompanhou, nem deu qualquer apoio jurídico. Stéphanie Sá Silva encontrava-se em licença parental, desde 8 de dezembro de 2021, e não voltou a trabalhar para a empresa”, vincou o ministro.

As justificações não foram suficientes para sanar a incerteza de um dirigente do PS: “Medina não trabalha a pensar no partido, para o bem e para o mal”.

Daniel Costa, ZAP //

8 Comments

  1. O Observador está naturalmente interessado em ter um político mais esquerdista à frente do PS, para dar ioportunidade ao PSD e IL captaremn eleitores do centro. Mas o problema é que a essência do eleitorado e da maioria dos militantes do PS é a que Mário Soares deixou: social-democrata, europeista, atlantista (leia-se NATO) e avesso a marxismos-leninismos. Só uma distração muito grande levaria à eleição interna de Pedro Nuno Santos para chefe do PS…

  2. A mesma distração que levou à alienação da “social-democracia” de Mário Soares para construir a geringonça e vender os princípios democráticos à “democrática extrema esquerda ” maioista-trotskista e aos estalinistas do PCP.

  3. Este Medina de fala macia, está atolado até ao pescoço. Quanto recebeu a sua mulher da TAP? Além disso já deu mais que provas de ser um oportunista. A casa que comprou em Lisboa, as negociatas enquanto presidente da Câmara de Lisboa, e as contas incertas que lá deixou, enfim… no fundo… no fundo é mais um incompetente.

  4. O medina é o cumulo de terem promovido o pior politico de sempre.

    Tipo do PS perde a camara, vai para ministro por nomeação, que coisa repugnante!

  5. Uma cambada de incompetentes encobertos por António Costa e pelo Presidente da República. Temos a autêntica república das bananas. E o povo num sacrifício colossal com um volume de impostos enormíssimo e agora com uma inflação inquietante. Portugal tem um verdadeiro SACO DE GATOS GOVERNATIVO.

  6. O ministro Maserati não sabia dos 500.000, o Medina não sabia dos 500.000, a mulher do Medina, mesmo como chefe jurídica da TAP, não sabia dos 500.000 (a sua substituta temporária, não lhe disse nada), o Costa não sabia dos 500.000 (o assunto não foi falado em Conselho de Ministros). Assim, foi indemnizada uma funcionária por ser “despachada” do Estado, mas o facto é que ela, com a massa na mão, voltou a ser admitida no Estado (NAV) e depois Medina premiou-a com um lugar no Governo. Em resumo, a indemnização foi ilegal e o dinheiro tem que voltar para o Estado. Se tal não for feito, caberá ao ex-ministro Maserati e a Medina, devolverem os 500.000.

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