Pedro Nuno Santos desafia Espanha a “dar corda aos sapatos” no comboio de alta velocidade que ligará Lisboa à Galiza

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António Cotrim / Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos desafiou esta sexta-feira o Governo espanhol a “dar corda aos sapatos” para que a ligação ferroviária em alta velocidade chegue à fronteira entre os dois países “mais ou menos ao mesmo tempo”.

“O desafio que aqui lancei é para que Espanha dê corda aos sapatos para não haver o risco de chegarmos com uma linha à fronteira e não termos nada do outro lado”, afirmou o governante.

Pedro Nuno Santos, que falava aos jornalistas após ter encerrado, em Melgaço, a conferência “Desafios da Cooperação Transfronteiriça, Conectividade e Acessibilidade Territorial: Qual o posicionamento do território do Alto Minho?”, garantiu não ter sido “uma critica”, mas “um desafio”.

“Tenho a esperança que os Governos português e espanhol se vão conseguir entender e, em tempo útil, fazerem esta ligação ferroviária. Estamos a fazer esse trabalho com o Governo espanhol e o trabalho tem sido sempre excelente, tem corrido bem e vai continuar a correr. É um grande objetivo comum”, afirmou, referindo-se à nova ligação ferroviária em alta velocidade que ligará Lisboa à Galiza.

No discurso de encerramento da conferência promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, que contou com a presença de Jesus Gamallo, diretor Geral das Reações Exteriores e com a União Europeia da Junta da Galiza, Pedro Nuno Santos garantiu ao responsável galego que Portugal ia chegar primeiro.

“Tenho quase a certeza que nós vamos chegar à fronteira primeiro, mas nós não queremos chegar primeiro à fronteira com um comboio que pode andar a 300 quilómetros/hora e parar ali. Valença ganhará sempre porque ficará a 50 minutos do Porto e a pouco mais de duas horas de Lisboa”, afirmou.

Destacou que o Governo “tem uma ótima relação” com a Galiza, região “com quem se consegue trabalhar bem, e se há muita coisa que não avança não é por causa da Galiza, de Vigo, ou de outras cidades da Galiza”. “É um bocadinho mais para o centro da Península Ibérica”, disse.

“Fizemos uma autoestrada até Quintanilha, na fronteira de Trás-os-Montes, e o que estava acordado era haver uma autoestrada de Quintanilha para Zamora. A verdade é que fizemos uma autoestrada até Quintanilha e, a seguir, é estrada nacional”, referindo, adiantando que esta situação se colocou a vários governos portugueses.

O ministro assegurou que para o Governo “a prioridade é a nova ligação que ligará Lisboa à Galiza”, apontando para “breve” a apresentação do calendário do projeto.

“Começaremos do Porto para sul, mas também queremos avançar na parte norte, entre Braga e Vigo (Galiza) e Braga e o Porto. Construiremos a ligação do Porto para sul, até Lisboa. A parte norte é mais difícil de Braga para o norte do que de Braga para o Porto. Por isso, começaremos nesse troço, mas obviamente o objetivo é fazer Porto, aeroporto Sá Carneiro, daí para Braga e de Braga até Vigo”, especificou.

Adiantou que, “se no passado, a obsessão era a ligação entre Lisboa e Madrid”, a “obsessão” deste Governo, “é ligar Lisboa ao Porto e o Porto a Vigo.

“Isso é assunto absolutamente arrumado. É a nossa prioridade porque a região espanhola com quem temos maior relação económica, social e cultural é com a Galiza e, é para aí que temos de ir em primeiro lugar. Amanhã, se tivermos mais dinheiro, lá trataremos de fazer uma ligação até Madrid”.

Para Pedro Nuno Santos “não há qualquer hesitação porque a ferrovia é um meio de transporte de futuro, em que toda a Europa está a investir”.

Em outubro, na apresentação do Programa Nacional de Investimentos (PNI) 2030, o ministro das Infraestruturas, disse que as metas para a ferrovia centram-se, entre outras, na criação de uma nova linha Porto-Vigo (Espanha) com duração de uma hora, bem como a eletrificação da rede até 2030.

Já o presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo revelou que a nova linha que vai ligar aquela duas cidade representa um investimento para Portugal de 900 milhões de euros, e 578 milhões de euros do lado espanhol, para um total de 21 quilómetros.

O novo corredor ferroviário Atlântico depende da construção de uma nova linha Lisboa-Porto, e de uma ligação entre Porto e Vigo, num investimento total de 5,4 mil milhões de euros ao longo dos próximos dez anos. Os novos troços serão construídos em bitola ibérica, mas terão travessas polivalentes para eventual mudança para a norma europeia.

// Lusa

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