Pedro Nuno sai no sábado. José Luís Carneiro, Medina ou Leitão: quem se segue no PS?

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// José Sena Goulão, Estela Silva, Paulo Novais / Lusa

Pedro Nuno Santos deixará de ser secretário-geral do PS já no sábado, após a Comissão Nacional do partido. José Luís Carneiro já confirmou que é candidato à liderança dos socialistas.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai deixar a liderança do partido já este sábado. A notícia, inicialmente avançada pelo Público, foi confirmada à Lusa por fonte oficial do PS.

Será o presidente do partido, Carlos César, a assegurar a liderança até à eleição de novo secretário-geral.

Nas eleições de domingo, PS alcançou o terceiro pior resultado da sua história em legislativas, à frente apenas do obtido em 1985 por Almeida Santos, e em 1987 por Vítor Constâncio, ficando quase empatado com o Chega — o que levou Pedro Nuno Santos a apresentar a demissão, um ano e meio após a sua eleição.

As eleições legislativas antecipadas de domingo, ganhas pela AD, tiveram um impacto profundo no PS e, no discurso no qual assumiu a derrota, Pedro Nuno Santos anunciou que pediu ao presidente do partido a convocação para sábado da Comissão Nacional para que haja eleições internas, às quais não se vai recandidatar.

Segundo os resultados provisórios, e ainda sem os votos contados da emigração, o PS perdeu 20 deputados e tem, neste momento, 58 lugares no parlamento, com um resultado de 23,38%, ou seja, 1.394.491 votos. Em comparação com os mesmos resultados em 2024, sem a emigração, perdeu cerca de 365 mil votos num ano.

No discurso em que assumiu a derrota, o líder do PS assumiu a responsabilidade do resultado, disse que deixa de ser secretário-geral se “puder ser já” e que não quer “ser um estorvo nas decisões” que o PS tem que tomar.

“Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve. Obrigado a todos”, enfatizou.

Quem se segue?

Com Pedro Nuno Santos de saída, o Partido Socialista está agora à procura de novo líder. Há três nomes apontados como possíveis sucessores, mas até agora apenas uma candidatura assumida: José Luís Carneiro.

O antigo ministro da administração interna de António Costa confirmou já que vai candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos na liderança do PS. “Decidi disponibilizar-me para servir o partido e o País“, afirmou José Luís Carneiro na noite desta segunda-feira, em entrevista à CNN Portugal.

“A partir do momento em que fui candidato constituí uma responsabilidade com aqueles que me apoiaram e hoje essa responsabilidade é acrescida”, acrescentou.

José Luís Carneiro candidatou-se em 2023 à liderança do PS, tendo perdido para Pedro Nuno Santos, que obteve  24.080 votos (62%), acima dos 14.868 votos (36%) do antigo ministro da Administração Interna. Dissemos aqui no ZAP na altura que tinha sido uma derrota com sabor a vitória — e que Carneiro iria andar por aí.

Segundo o Negócios, há dentro do partido quem acredite que a simples mudança de secretário-geral terá efeito imediato, jogando a favor de José Luís Carneiro o facto de ser visto como alguém mais próximo do povo e com maior capacidade, nesta fase, de passar a imagem de um recentrar da matriz do PS.

Outro dos nomes apontados à liderança do PS é o de Alexandra Leitão, que, diz o Negócios, até estaria alegadamente inclinada a apresentar-se à corrida. Há cerca de três meses, a candidata socialista à Câmara de Lisboa disse ao jornal Público que “não afastaria uma possível candidatura“.

A antiga Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública está porém condicionada pela candidatura à autarquia lisboeta. Uma eventual derrota nas autárquicas contra Carlos Moedas penalizaria os socialistas e deixaria Alexandra Leitão fragilizada como líder.

Também o ex-Ministro das Finanças Fernando Medina, que “por motivos pessoais” rejeitou integrar as listas de candidatos a deputado do PS, tem estado a ser apontado como possível candidato à liderança dos socialistas.

Tal como José Luís Carneiro, o ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa é visto como alguém capaz de, na nova legislatura, fazer pontes com o governo liderado por Luís Montenegro.

Em março, na altura da votação da moção de confiança apresentada pelo Governo, cuja rejeição levou à queda do executivo e à convocação de eleições antecipadas, Medina criticou quem se aproveitou do caso Montenegro — incluindo no PS.

O antigo ministro das Finanças foi aliás na altura o único deputado a apresentar uma declaração de voto, e explicou porquê: preferia que não houvesse eleições antecipadas.

“Quis sublinhar o aspeto, este lamento de não se ter conseguido chegar a um ponto em que poupássemos o país a uma situação de crise política e novas eleições”, justificou o deputado do PS.

Fernando Medina entendeu então que deveriam ser feitos “todos os esforços para assegurar estabilidade política” porque “é preciso ter consciência de que o país não quer novas eleições“.

De acordo com o Negócios, os setores mais próximos da atual direção admitem ainda apresentar um candidato, e terão pressionado Mariana Vieira da Silva a avançar. No entanto, uma grande parte dos socialistas estará mais inclinada a encontrar uma solução consensual de liderança, que a antiga Ministra da Presidência, próxima da ala mais à esquerda do partido, parece não ser.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Opinião, apenas como eleitor.
    Alexandra Leitão seria mau, daria a ideia de continuidade relativamente a Pedro Nuno Santos.
    Fernando Medina tem uma imagem muito desgastada, devido á derrota nas em Lisboa e de ter andado a “reboque” de António Costa. Alem de ter carisma zero.

    Diria que apenas José Luis Carneiro é uma hipotese viavel nesta lista.
    Mas… isto sou apenas eu… os militantes do PS é que decidem.

    • Concordo, e aponto mais um inconveniente relativamente à Alexandra Leitão, pois não só daria a ideia de continuidade, mas também porque é uma esquerdista.

      A Ana Catarina Mendes é uma costista e ultra esquerdista, não é solução. Alias, acho que ainda não perceberam porque é que o PS teve este resultado!, continuam a olhar para o problema com os óculos cor de rosa, e se assim for, voltam a perder.
      Não perceberam que os votos que o Chega teve a mais saíram do PS, continuem assim..

      • A solução então é o PS tornar-se no PSD? Um partido de esquerda virar a direita? Percebe-se bem a falta de inteligência de quem vota no Chega. Já estão acordados a esta esquizofrenia, partido de extrema direita com discurso de esquerda só para ganhar votos.

  2. Não será para já. Mas Duarte Cordeiro irá surgir, num futuro próximo, como um forte candidato, dada a sua competência política e capacidade de fazer chegar a sua mensagem aos cidadãos.

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  3. Alexandra Leitão é intelectualmente brilhante. Talvez não fizesse mal ter uma pessoa excecionalmente inteligente na liderança do partido. Seria uma novidade no que diz respeito aos nossos partidos…

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    • Novidade não seria. O António Costa é uma pessoa iteligentíssima e um político de primeiríssima água (contam-se pelos dedos de uma mão os políticos do nível dele em toda a Europa). Pena ter dado preferência à sua carreira em detrimento dos interesses do país.

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