Pedro Nuno: a direita que se entenda, sentido de Estado e o “longe demais”

Estela Silva / LUSA

Pedro Nuno Santos na Feira Agrival

Líder do PS atira para a direita a responsabilidade de aprovação do Orçamento do Estado. E criticou o “curto prazo”.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou nesta terça-feira que a direita tem maior responsabilidade na aprovação do Orçamento do Estado e acusou o Governo de ter como único objetivo alcançar “benefícios eleitorais de curto prazo”.

“A direita é maioritária em Portugal, por isso a responsabilidade maior no que diz respeito ao orçamento é da direita. A direita que tenha a capacidade de se entender e que mostre o seu sentido de responsabilidade e de estar à altura do momento político”, afirmou o líder socialista, em declarações aos jornalistas.

Pedro Nuno Santos sinalizou aos jornalistas que as negociações sobre o Orçamento não estão a decorrer: “Não existem. As negociações não estão a decorrer, isso que fique claro”.

“O Governo não parece preocupado com a negociação de um orçamento que tem de ser entregue a pouco mais de um mês. Não há nenhuma reunião marcada”, acrescentou.

“As preocupações do Governo não são as corretas. O Governo parece estar muito mais preocupado em usar a boa situação orçamental que herdou do Governo do PS para fazer campanha, do que procurar negociar de forma ativa, séria e responsável com os partidos para assegurar a aprovação do orçamento”, explicou.

Falando à margem da visita que realizou à Feira Agrícola do Vale do Sousa (Agrival), em Penafiel, insistiu que, face ao Governo PSD/CDS, a distância é grande, “muito maior do que com o Chega ou com a Iniciativa Liberal”.

Para o líder do PS, as medidas mais impactantes deste Governo para o próximo orçamento, nomeadamente de âmbito fiscal (novas tabelas de retenção do IRS), têm o apoio, pelo menos parcial, do Chega e da Iniciativa Liberal e tem a “oposição frontal do Partido Socialista”.

Pedro Nuno Santos disse que o reflexo da descida do IRS em 2025 nas tabelas de retenção na fonte em 2024 “é responsabilidade do Governo e não nossa. Temos já fiscalistas a dizer que esta revisão das tabelas de retenção na fonte pode ter ido longe demais”, analisou.

Afirmando que o executivo de Luís Montenegro não está preocupado com a adoção de medidas estruturais que ajudem o país a desenvolver-se, Pedro Nuno Santos considerou que o executivo está muito ocupado com medidas conjunturais, com o único objetivo, “cada vez mais claro para todos, de ter benefícios eleitorais de curto prazo“.

Um executivo que está preocupado com “umas eventuais eleições não é um Governo que mereça ser premiado, como é óbvio”, repetiu o secretário-geral socialista.

Pedro Nuno também deixou críticas à Universidade de Verão do PSD, que não deveria servir para o Governo anunciar quem vai integrar a próxima equipa da Comissão Europeia – algo que deve acontecer na próxima sexta-feira.

“Um comissário europeu não serve para eventos partidários. É um nome suprapartidário, supranacional. Isso exigiria deste Governo um maior sentido de Estado“, apontou.

E também afirmou que falar já sobre as eleições presidenciais (que serão em 2026) serve para “nos desfocarmos dos verdadeiros problemas do país”.

ZAP // Lusa

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