Cientista revela a peça que faltava na dieta mediterrânica

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Maria das Dores / Pexels

A comida da dieta mediterrânica sozinha não consegue explicar os seus benefícios para a saúde. Um cientista de nutrição sugere o que pode fazer a diferença.

A dieta mediterrânica é um tipo de alimentação saudável que se baseia nos sabores e tradições da região mediterrânica. É considerada a dieta mais saudável, tendo inúmeros benefícios para a saúde, como diminuir o risco de doenças cardiovasculares, cancro, diabetes e doenças degenerativas.

A UNESCO definiu a dieta mediterrânica em Portugal como património cultural imaterial da humanidade em dezembro de 2013.

Em 1993, na International Conference on Diets of the Mediterranean, foram estabelecidas as suas principais características:

  • Consumo abundante de alimentos de origem vegetal;
  • Consumo de produtos frescos da região, pouco processados e sazonais;
  • Consumo de azeite como principal fonte de gordura;
  • Consumo baixo a moderado de lacticínios, sobretudo de queijo e iogurte;
  • Consumo baixo e pouco frequente de carnes vermelhas;
  • Consumo frequente de pescado;
  • Consumo baixo a moderado de vinho, principalmente às refeições.

Ainda assim, parte do sucesso da dieta pode vir de um certo je ne sais quoi, algo que não pode ser quantificado ou testado em ambiente clínico.

Um estudo de 1958 teve como objetivo encontrar uma relação entre a dieta e a prevalência de doença cardíaca coronária em sete países com estilos de vida e dietas contrastantes: Grécia, Itália, Espanha, África do Sul, Japão e Finlândia.

A investigação descobriu que os participantes de Japão, Grécia e Itália tiveram a menor incidência não apenas de doença cardíaca coronária, mas também de mortalidade em geral.

Os participantes japoneses tinham uma dieta com baixo teor de gordura, mas os participantes de Grécia e Itália tinham uma dieta mais rica em gordura. A dieta revelou-se eficaz particularmente em idosos não fumadores, que faziam exercício regularmente e bebiam álcool moderadamente.

Mais de 60 anos depois, em maio deste ano, um estudo publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition comparou as dietas cetogénica — ou keto — e mediterrânica.

Neste recente estudo, 40 participantes diabético passaram 12 semanas a seguir a dieta mediterrânica e outras 12 semanas na dieta cetogénica.

Durante as duas dietas, os participantes perderam um peso considerável, tiveram melhor controlo sobre os seus níveis de glicose e baixaram os triglicéridos. Embora a dieta keto tenha levado a níveis de triglicéridos ainda mais baixos, partece ter aumentado o colesterol LDL.

O coautor do estudo Christopher Gardner acredita que falta algo na discussão sobre como é que dieta mediterrânica funciona. Não tem nada a ver com a comida.

Há cerca de 20 anos, a capa da revista Nutrition Action Healthletter apresentou a dieta mediterrânica. “Eles disseram: ‘A mediterrânica não é apenas uma dieta – é um modo de vida'”, diz Gardner à Inverse.

Não só a alimentação, mas também os comportamentos da Europa Ocidental eram referidos: caminhar todos os dias, comer um grande almoço, tirar uma sesta de três horas e fazer um jantar leve com um copo de vinho tinto.

Assim, não conta apenas a comida que uma pessoa come, mas também a forma como come e vive. Gardner realça que o verdadeiro benefício da dieta mediterrânica pode estar aqui escondido.

Daniel Costa, ZAP //

2 Comments

  1. Ainda não percebi esta obsessão de um país atlântico querer ser do Mediterrâneo.
    Pois deste lado há e vai sendo conhecida a Dieta Atlântica que não por ser diferente da mediterrânica é pior. As tantas o problema está mesmo em como e quanto se come e como se vive

    • Poderiam chamar-lhe dieta Ibérica ou se querem referir apenas aos hábitos portugueses então, como bem disse, dieta Atlântica ou mesmo Portuguesa.

      Mas agora descrever a dieta mediterrânica como um tipo de alimentação saudável que se baseia nos sabores e tradições da região mediterrânica, e depois a UNESCO definira dieta mediterrânica em Portugal como património cultural imaterial da humanidade em dezembro de 2013 parece parvo.

      Se Portugal não é banhado pelo mediterrâneo, ou os produtos consumidos não são da região ou então não são do mediterrâneo …. as duas não dá !!!!

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