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PCP rejeita acordo de legislatura, Bloco deixa tudo em aberto

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Miguel A. Lopes / Lusa

A “geringonça” tal como a conhecemos pode não repetir na próxima legislatura: após a reunião com o Chefe de Estado, o PCP disse não estar disposto a fazer uma acordo, seja este verbal ou escrito.

Posição diferente apresentou o Bloco de Esquerda, que se mostrou disponível para firmar um acordo escrito com o PS – que até prefere – ou aprovar lei a lei, deixando assim todos os cenários em aberto. Os bloquistas admitem mesmo avançar para um acordo sem o PCP.

A coordenadora do Bloco repetiu o que disse na noite de domingo: está disposta para fazer um acordo para a legislatura, como para negociar lei a lei, orçamento a orçamento, recordando, contudo que a segunda opção é a que menos garante a estabilidade.

“Cá estaremos para negociar soluções que possam ser soluções de programa de Governo, portanto com o horizonte de legislatura, mas para isso é preciso que haja vontade de ambas as partes. O Bloco já afirmou a sua disponibilidade para essa negociação, naturalmente o PS tem legitimidade para, como Governo minoritário, negociar orçamento a orçamento, caso a caso”, afirmou Catarina Martins.

Segundo Catarina Martins, nos últimos quatro anos existiu “uma solução de estabilidade porque, antes ainda de ser apresentado o Programa do Governo no parlamento, esse Programa do Governo incluiu as medidas negociadas com os outros partidos”.

“Ou seja, o Programa do Governo nos últimos quatro anos não foi igual, como sabem, ao programa do PS. Foi um Programa do Governo que foi logo ao parlamento com os contributos dados por outras forças políticas, nomeadamente o BE, o PCP, e por isso mesmo houve um acordo com esse horizonte de legislatura”, salientou.

Mesmo sem o PCP, Catarina Martins admitiu avançar para um acordo com os socialistas. “Nós sempre prezamos muito a convergência com o PCP, mas somos partidos autónomos e faremos o caminho que entendermos necessário fazer”, esclareceu.

PCP não quer acordo. Vai negociar “caso a caso”

O líder comunista, Jerónimo de Sousa, afirmou esta terça-feira à tarde que o PCP não esta disponível para fazer qualquer acordo para a legislatura com o PS. Os comunistas vão negociar “caso a caso”, medida a medida.

Para o PCP é “claro e óbvio” que dos resultados das eleições resulta a indigitação do secretário-geral do PS, António Costa, como primeiro-ministro, e “não há necessidade de outro posicionamento ou de qualquer papel, não tem sentido, tendo em conta esta realidade e esta posição do próprio Presidente da República”, defendeu.

O secretário-geral do PCP realçou que “o senhor Presidente da República atual não fez nenhuma exigência idêntica” à do seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, que em 2015, para dar posse ao Governo do PS, “exigiu de uma forma persistente algumas medidas básicas que acabariam por ser contidas nesse documento”.

Questionado se a falta de um acordo escrito com o PS não trará instabilidade, Jerónimo de Sousa respondeu: “Não. Creio que não foi esse papel que determinou o desenvolvimento dos processos legislativos, das alterações que se verificaram, designadamente no exame comum das propostas de Orçamento do Estado, em que houve, de facto, convergência em relação a direitos importantes que foram concretizados”.

Na reunião de amanhã com o PS, o PCP vai “reafirmar a sua independência, embora esteja disponível para ser força construtora de avanços, mas sem abdicar da sua posição própria”. Questionado sobre se está disponível para um acordo verbal, Jerónimo de Sousa frisou que não, dando conta que o PCP negociará medida a medida.

Cristas não revela se continua como deputada

Ainda antes do Bloco e do PCP, foi a vez do CDS ser ouvido pelo Presidente da República. Na saída deste encontro, a ainda líder dos centristas, Assunção Cristas, considerou que é natural o PS formar Governo e prometeu que o seu partido será “uma oposição construtiva”, sem esclarecer se irá assumir o mandato de deputada.

“Exprimimos ao senhor Presidente da República aquilo que tem sido sempre a posição do CDS e o compromisso com quem confiou o voto no CDS, que é sermos uma oposição a um Governo socialista que naturalmente sairá destas eleições, em consonância com o resultado eleitoral”, declarou aos jornalistas em Belém.

Questionada se o CDS-PP se opõe a que o secretário-geral do PS, António Costa, seja indigitado primeiro-ministro, Assunção Cristas respondeu: “Com certeza que não, é líder do partido mais votado. Tive a oportunidade de o felicitar pelo resultado das eleições”. “Faremos aquilo que temos feito, uma oposição sempre construtiva, sempre representando aqueles que confiaram em nós”, prometeu.

Em seguida, interrogada se irá assumir o seu lugar de deputada, a líder cessante do CDS-PP escusou-se a responder a mais perguntas e dirigiu-se para a saída do Palácio de Belém, sem esclarecer se o seu futuro passará pelo parlamento.

A delegação do CDS-PP incluía, além de Assunção Cristas, os dirigentes democratas-cristãos Cecília Meireles, Nuno Melo, Nuno Magalhães e Telmo Correia, e esteve reunida com o chefe de Estado durante cerca de uma hora.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Se o PCP aceitasse acordos de legislatura é que eu me admirava o PCP é do quanto pior o País estiver melhor para ele, ainda não me esqueci de 1974/75 se os militares em não se tivessem oposto Portugal iria ficar em maus lençóis, o PCP parou no tempo ainda pensa que é ele o único partido democrático.

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