PCP abre guerra contra RTP por entrevista “provocatória” de José Rodrigues dos Santos

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“O quê, já está?”. Nada sobre as legislativas, muita guerra: foi assim a entrevista ao secretário-geral do PCP, a menos de dois meses das eleições. PCP vai acionar “todos os meios legais” contra a RTP.

A entrevista desta segunda-feira à noite era para ser sobre as eleições legislativas, que estão a menos de dois meses de distância, mas o jornalista José Rodrigues dos Santos abriu — e fechou — com um único tema: Ucrânia.

Ao longo de cerca de 10 minutos do Telejornal da RTP, Paulo Raimundo, com um ar de quem não estava à espera de tal, foi questionado exclusivamente sobre a posição do PCP sobre a invasão da Rússia ao país vizinho.

Com o líder comunista a dizer que “os partidos que aplaudiram a Ucrânia” na Assembleia da República, aquando da aprovação da declaração de solidariedade (o PCP foi o único a votar contra), “foram os mesmos que a condenaram há três anos a uma guerra que levou milhares de ucranianos à morte” — e “metade dos partidos que aplaudiram estão ilegalizados” na Ucrânia, José Rodrigues dos Santos parece ter ficado perplexo e algo exaltado.

“Como é que a União Europeia começou a guerra na Ucrânia? Explique lá isso”, insistiu Rodrigues dos Santos por várias vezes, afirmação que Paulo Raimundo veio a negar ter dito ao longo da entrevista.

“A opção mais guerra, mais armas, mais destruição” não resulta numa guerra “que devia ter sido evitada” e que “pelo PCP nem sequer tinha começado”, insistiu o secretário-geral comunista. “Havia várias formas de mostrar solidariedade com o povo ucraniano e o governo português decidiu alinhar no envio de armas, que se está a traduzir no que estamos a ver”, disse.

“Opõe-se ao envio de armas?”, questionou José Rodrigues dos Santos repetidamente, em busca desesperada por uma resposta concreta. “Não”, respondeu Raimundo: “eu oponho-me é que o caminho seja enviar mais armas”. A resposta não convenceu o entrevistador.

“Portanto opõe-se ao envio de armas”, disse Rodrigues dos Santos. Raimundo desistiu: “Pronto, fico com a minha”.

“Não trocamos guerra e armas por salários, pensões e direitos das crianças”, explicou Raimundo. “Não estou a entender”, confessou José Rodrigues, acusando o PCP de nunca se conseguir explicar sobre o assunto. “Quando um país é invadido, não se deve ajudá-lo, é isso?”. Raimundo ripostou, para “mostrar a hipocrisia”.

“Então o que se faz perante o povo palestiniano? Vai-se mandar armas para a Palestina para os defender dos israelitas? Esse é o caminho?”, questionou Raimundo, invertendo os papéis,

“Claro que não”, acredita Rodrigues dos Santos, mas também “não está ali para responder”, e recuou no tempo: “e os Aliados, acha que fizeram mal em ajudar a União Soviética face à Alemanha nazi porque o caminho era para a paz?”.

Nisto, para discutir as legislativas sobraram… zero minutos.

“O quê, já está?”, perguntou, surpreendido pelo “muito obrigado” do jornalista e escritor, que já no ano passado tinha estado no centro de controvérsias por entrevistas à candidata do PS às europeias, Marta Temido, em que segundo a Entidade Reguladora de Comunicação (ERC) “não conferiu espaço à entrevistada para expor os seus pontos de vista” e a candidata do Bloco de Esquerda, Catarina Martins — uma entrevista que passou a debate.

PCP em guerra com RTP

No mesmo dia, o partido comunista anunciou, com recurso a uma montagem no X com excertos da entrevista, que vai acionar “todos os meios legais” contra a RTP pela “provocação” a Raimundo.

“Perante a provocação que aconteceu hoje na RTP, o PCP acionará todos os meios legais. O fascismo e a guerra sabem que têm na firmeza do PCP o seu inimigo”, pode ler-se na publicação.

Tomás Guimarães, ZAP //

16 Comments

  1. Um jornalista com coragem para por a nu a hipocrisia do PCP. Um partido muribundo que não faz falta nenhuma em Portugal. Esperemos que as próximas legislativas sejam mais um prego no caixão do PCP. Um partido hipócrita defensor das maiores ditaduras no mundo e do massacre que se assiste na Ucrânia.

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    • Tamanha burrice. Os comunistas nunca apoiaram o Putin. E já que somos todos tão bons para os nossos vizinhos Ucranianos, que tal apoiar também a Palestina. Porque não damos armas à palestina para se defenderem e porque não enviar tropas para a palestina.
      Já se interrogou porque não proibimos os Israelitas de participar nos jogos olímpicos. Eu respondo, porque são aliados dos americanos. É sempre o mesmo e quem defendo o contrário é comuna não é.
      Já se interrogou quantas crianças morreram na Palestina e quantas morreram na Ucrânia. E no caso do Kosovo que é parecido com o que se está a passar na Ucrânia, já se interrogou quem estava por detrás. E nessa altura não deveríamos ter dados armas para a Sérvia defender a integridade do seu território.

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  2. O “establishment” nacional, dos políticos aos jornalistas, não quer ter de enfrentar explicações politicamente incorretas do que esteve na origem da guerra na Ucrânia. Enquanto apoiaram ruidosamente a guerra feita pela NATO à Sérvia, para a obrigar a reconhecer o direito à autodeterminação e independência dos albaneses do Kosovo, condenam de forma igualmente ruidosa a guerra feita pela Rússia à Ucrânia para a obrigar a reconhecer o direito à autodeterminação e independência dos russos maioritários em certas regiões da Ucrânia. Afinal, a guerra contra a Sérvia foi legítima mas a guerra contra a Ucrânia é ilegítima, apesar das causas de ambas serem iguais? Afinal os albaneses do Kosovo tiveram direito à autodeterminação mas os russos do leste ucraniano não podem exercer o mesmo direito? Era tão bom que os portugueses ligassem os seus cérebros e analisassem de forma inteligente e honesta estas questões. Mas talvez isso seja esperar demais de muitos dos nossos compatriotas…

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    • Avante camaradas, o nosso future (em inglês) está em vós! Ressuscitem o saudoso AC e vamos em ahead (em inglês) ! Mesmo que não saibamos para where (em inglês).

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    • Fosca-se que este N. Cardoso continua pobre e doente da tola. O que será que o atormenta? Com estas derivas, autênticas futilidades ridículas, não deve ter muitoi tempo de vida.!

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  3. Um jornalista com sindrome de main character. Que vá trabalhar para ao privado como comentador. Ele de jornalista não tem nada e andamos nós a pagar estas ego trips.

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    • Oh Zé! O camarada Raimundo vai conseguir aquilo que o Salazar não conseguiu! Acabar com o PCP.

      O camarada Raimundo comunica em redes fascizantes e nazis do X?

      E se fosse ao contrário? Se fossem deputados russos? Se calhar eram os únicos a bater palmas. E também de pé!

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    • Avante camaradas, o nosso future (em inglês) está em vós! Ressuscitem o saudoso AC e vamos em ahead (em inglês) ! Mesmo que não saibamos para where (em inglês).

  4. Até achei que o Paulo Raimundo estava com ar aliviado quando disse isso. Como quem estava na cadeira do dentista.
    Não tinha mais nada para acrescentar que não fosse do mesmo nível de incongruência.
    Na Madeira já estão fora e provavelmente vão pelo mesmo caminho no continente. Partidos como estes em nada ajudam a sociedade Portuguesa.

  5. Não sou apoiante do PCP, mas a questão é pertinente: porque é que não houve esforços em conjunto para se chegar a um acordo de paz? Porque é que só se falava em enviar armas (talvez porque existem economias com uma grande fatia que depende da industria de armamento)? Foi preciso chegar um maluco (Trump) para avançar com tentativas de um acordo de paz? Porque é que essas tentativas não existiram antes? Se o maluco (Trump) não ganhasse as eleicções, hoje continuávamos a ouvir falar em apoiar a Ucrânia com armas… Não se esqueçam que as armas que os governos andam a oferecer à Ucrãnia dão lucro a algumas indústrias de armamento dos EUA e UE (Alemanha/França), mas são pagos com impostos de TODOS NÓS e esse dinheiro vai faltar noutras áreas, com na educação, saúde e infraestruturas! O ditado já é velho: ódio gera mais ódio…

  6. Também vou virar “escritor”, basta seguir a “receita” e aplicar a “fórmula”… Atualmente até a IA escreve romances. O “jornalista” digno do jornal “O Crime” (“morreram todos, todos!), a obedecer à agenda imposta por interesses partidários, qual fiel lacaio a salivar, por desancar no pobre Raimundo…

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  7. Agora vai sair um novo romance: “A cegueira mata mais que a estupidez”, uma autobiografia do nosso “escritor”, “jornalista”, “artista de circo” , “pensador” e outras coisas mais…

  8. A esquerdalhada não gosta de perguntas difíceis nas entrevistas. O grande jornalista José Rodrigues dos Santos, não lhes dá espaço temporal para eles venderem os seus habituais ilusionismos. Ele é prático e objetivo. Da outra vez quem não gostou foi “ a “marionete“ de Coimbra, que o PS guindou a ministra da saúde e que acabou, depois, de ser também uma fugitiva do governo.

  9. Meteram lá este padeiro Raimundo com o objetivo de ser ele a fechar a porta de vez. Antigamente ainda dominaram no Alentejo, mas foram perdendo tudo. Hoje votam neles os velhadas que estão na reta final. O comunismo foi um tempo. Já não existe.

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