José Rodrigues dos Santos vs. Catarina Martins: “Está a brincar comigo!” – entrevista passa a debate

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(dr) Inês Henriques / Cultur'Art Mag

José Rodrigues dos Santos, jornalista

Momentos mais acesos entre jornalista e candidata do BE, quando se falava sobre bancos centrais. Rosto de Catarina mostrou incómodo.

Catarina Martins foi entrevistada por José Rodrigues dos Santos, na sequência das entrevistas que a RTP está a realizar aos principais candidatos às eleições europeias em Portugal.

A conversa só teve um assunto central: a independência dos bancos centrais.

O Bloco de Esquerda indica, no seu programa eleitoral, que quer acabar com a independência do Banco Central Europeu (BCE).

Catarina Martins centrou-se num exemplo bem recente: a subida recorde das taxas directoras, que fizeram aumentar numa escala inédita os juros na habitação.

A candidata do Bloco, que assegura que essa decisão não foi técnica, pergunta: “A quem é que o BCE responde por esta decisão?”.

Catarina citou estudos que mostravam que a inflação estava a ser provocada, não pela procura, mas sim pelas margens de lucro de empresas (energéticas, por exemplo).

Cedo começaram as interrupções de José Rodrigues dos Santos. O jornalista olhou para o relatório da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, onde se lê que a maioria das empresas portuguesas não aproveitou a inflação para aumentar as suas margens; e que foram os salários a subir a inflação.

Catarina Martins lembrou que os preços em Portugal estão sujeitos ao que acontece noutros países. Criticou o BCE, que “atacou o poder de compra” ao subir as taxas de juro.

Nova interrupção: “Ó Catarina, dê-me exemplos de casos de sucesso a longo prazo de modelos em que os políticos interferem nas decisões técnicas dos bancos centrais“.

Catarina respondeu: “Todo o período desde o pós-guerra (II Guerra Mundial) até aos anos 80 – que foi o período em que houve maior crescimento económico na Europa”.

Rodrigues dos Santos interrompe de novo: “Peço desculpa, tenho que fazer aqui uma correcção: eu vivi o período da grande inflação na década 1970 e lembro-me bem do que aconteceu. Os países que controlavam os seus bancos centrais… Itália teve uma inflação de 25%, Espanha 28%, Portugal 31%. A Alemanha, com um banco central independente, teve uma inflação de 7%. As inflações de 30% acabaram quando os bancos centrais se tornaram independentes“.

A bloquista reage: “Está a querer simplificar e a cair num erro: os bancos centrais são independentes de quem? Nenhum poder é completamente independente. Na verdade, os bancos centrais são dependentes do poder financeiro”.

O jornalista volta a interromper: “Peço desculpa: cada banco central tem o seu governador, que está presente e faz votação no BCE”.

Aí foi a entrevistada a fazer uma pergunta: “Então porque é que Mário Centeno, enquanto ministro das Finanças não era independente, e como governador do Banco de Portugal já passa a ser independente? Convenhamos: isto é uma brincadeira. Claro que as pessoas não são independentes“.

“Mas são técnicos. Essa é que é a diferença”, diz José Rodrigues dos Santos.

Mário Centeno é mais técnico por ser governador do Banco de Portugal? É mentira! Essa ideia é absurda. A política monetária é precisamente isso: política. E a questão é saber se quem está nos bancos centrais a tomar agora decisões sobre a nossa vida tem de responder por elas, ou se enquanto lá está pode fazer o que quer. E nós, na Europa, já salvámos vezes demais os bancos e vezes demais deixámos mal as famílias”, analisou Catarina Martins.

O tom aumentou ainda mais quando o jornalista pegou no exemplo da Venezuela. “Acha mesmo que o problema da Venezuela é o banco central? Por favor! Está a brincar comigo! Está a dar-me um exemplo absurdo“, exclamou Catarina Martins, que já mostrava um rosto e uma postura claramente incomodadas.

José Rodrigues dos Santos citou a inflação de 354.000% na Venezuela quando o banco central tinha interferência política; até que as decisões monetárias passaram para a Reserva Federal dos EUA e a inflação baixou.

Catarina: “O que é que isso tem a ver? Está a confundir tudo! Posso fazer-lhe uma pergunta? Queria viver na Venezuela agora?” – José Rodrigues dos Santos respondeu “claro que não” e Catarina replicou: “Ah, então pronto. Vamos deixar os absurdos. Está a comparar o que é incomparável. As condições económicas na Venezuela não absolutamente nada comparáveis com a União Europeia”.

E defendeu que, na Europa, há capacidade para haver escrutínio democrático sobre a política monetária: “Quando a política teve a coragem de se impor em nome dos povos, conseguiu responder às crises; quando não teve coragem, tivemos troikas ou temos prestações das casas a duplicar quando os salários encolhem”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

16 Comments

  1. BE e PCP não querem Europa nenhuma! Ou melhor, querem uma Europa comunista e controlada pelos governos autoritários de esquerda radical.

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  2. Há os fanáticos religiosos, e há os fanáticos políticos, como por exemplo os do BE, PCP e livre.
    Uns e outros querem controlar as pessoas e as suas liberdades através da imposição de dogmas e de poderes, que eles julgam que dominam e de que se auto-intitulam representantes legítimos.

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  3. O BCE nos últimos anos o que tem estado a fazer é retirar dinheiro às famílias para fazer crescer, ainda mais, os lucros da banca! Quando a banca dá prejuízo todos os contribuintes pagam, quando dá lucro é só para meia dúzia. Cambada de xulos!

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  4. Você está precisar aprender o que é a democracia. Mas para conseguir tem de abandonar a preferência pela imbecilidade.

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  5. Fantástico!!! O BE defende ideologias aplicadas na Venezuela, o que é normal dado que ambos são do mesmo lado político, no entanto a Catarina pergunta com ar de desdém se JRS queria lá viver. Lá diz o ditado “olha para o que eu digo e não para o que eu faço”…. BE = Hipocrisia !!!

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  6. O que dava jeito perceber é que partido defende esta ameba armado em chico esperto, que passa a vida a fazer comentários que não lhe pagamos para fazer, a piscar o olho feito parvo para as câmaras e a plagiar os livros dos outros …
    Será que é o mesmo partido do irmão dele, que foi substituir o terrorista Amorim em Cascais em 2021?

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  7. Esta Catarina Martins tem-se afundado cada vez mais. É melhor estar calada, mais a outra parvalhona que não soube ser Ministra da Saúde, uma autêntica palhaçada de pessoas que pensam ter jeito para aquilo que não têm, na verdade.
    Não votem nestes abutres políticos de esquerda. Obrigada.

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