PCP fora do 25 de Novembro. “As ideias dos comunistas podem ser péssimas, mas valoriza-se a coerência…”

Miguel A. Lopes / LUSA

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo

O PCP não participará nas celebrações do 25 de Novembro promovidas por PSD, Chega, IL e CDS: “Não traímos Abril”, justifica o partido.

O Partido Comunista Português (PCP) não vai estar na celebração do 25 de Novembro de 1975.

O PCP anunciou que não vai participar de nenhuma forma na agendada sessão que assinala os 49 anos da data – que será comemorada ao estilo do 25 de Abril.

O partido explica que esta sessão é uma “acção provocatória” de “forças reacionárias e antidemocráticas”, que querem elaborar uma “reescrita da história da Revolução de Abril”.

“Uma reescrita e revisão marcadas pela mentira, pela deturpação, pelo anticomunismo e pelo apagamento quer dos crimes fascismo, quer da resistência antifascista, quer ainda da acção terrorista das forças contra-revolucionárias no processo revolucionário português”, alega o PCP.

O PCP reforça que está orgulhoso por ter sido “protagonista” no 25 de Abril e continua “fiel” a essa “memória da resistência antifascista e ao processo revolucionário”. Por isso, acrescenta: “Não traímos Abril”.

Num discurso de Paulo Raimundo, lê-se que este 25 de Novembro “não serão as comemorações do povo, porque essas são e só as de Abril”.

O líder do PCP considera que a direita portuguesa quer “esconder que os actuais e graves problemas e dificuldades do País, são o resultado das suas opções políticas de anos e anos contra Abril, as suas conquistas e valores”.

“As forças da revanche querem reescrever a História, e apresentar o 25 de Novembro, não pelo que foi, mas pelo que desejariam que tivesse sido de regresso ao passado de meio século de ditadura fascista”, acrescenta.

A coerência

O PCP é o único partido, pelo menos até agora, que anunciou que não vai estar na cerimónia do 25 de Novembro, na próxima semana.

Mais uma vez, os comunistas estão contra o pensamento dominante. “Mas depois temos condescendência, que já é antiga”.

A análise de Bruno Vieira Amaral recupera os tempos da liderança de Álvaro Cunhal: “Sempre foi elogiado pela sua coerência, mesmo quando se estava nos antípodas políticos de Álvaro Cunhal e das suas ideias”.

“Esse hábito mantém-se: as ideias podem ser péssimas, a postura pode ser errada, mas encontramos sempre forma de valorizar a previsibilidade do PCP“, comentou na rádio Observador.

No entanto, o comentador político acha que faltar à sessão mostra que o PCP tem dificuldade em “viver com a democracia”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.