O secretário-geral do PCP dramatizou, esta terça-feira, um atraso com o plano de vacinação para a covid-19 e avisou que, se não for cumprido, pode causar “laivos de descontentamento” que depois podem “passar ao desespero”.
“Se esse processo atrasar, o que são laivos de descontentamento que existem, podem transformar-se numa coisa mais complicada: do descontentamento passar ao desespero. E o desespero, enfim… Quem está desesperado não pensa ou pensa mal”, afirmou Jerónimo de Sousa, no encerramento de um encontro com músicos sobre a crise causada pela pandemia.
O líder comunista afirmou que a vacina “é a grande preocupação dos portugueses” e que “é um problema que se pode colocar” e que exige o “cumprimento de promessas e garantias por parte do Governo”.
Depois, ironizou com Paulo Portas, ex-líder do CDS e antigo vice-primeiro-ministro, e com os seus comentários ao domingo na TVI, em que “põe aquele ar de estadista e epidemiologista”, por ter dito que o desconfinamento é muito perigoso por poder fazer “voltar tudo atrás”.
“Isto é o que se chama exercitar a política do medo”, disse Jerónimo de Sousa, causando sorrisos na sala.
E, tal como já fizera na abertura do encontro, alertou para o possível encerramento de empresas, especialmente pequenas e médias empresas, insistindo ainda que é preciso o estado dar respostas e apoios aos trabalhadores nessa fase de crise pandémica.
Eurodeputado José Gusmão critica Bruxelas
O eurodeputado do BE, José Gusmão, criticou, esta terça-feira, a “obstaculização” da Comissão Europeia à suspensão dos direitos de propriedade industrial da vacina contra a covid-19, considerando-a um “péssimo contributo” da União Europeia para o combate à pandemia.
Embora admita que, no início do programa de vacinação “houve muito boas intenções” por parte dos líderes europeus de garantir que “a vacina fosse um bem público global”, José Gusmão sublinhou que, neste momento, “é muito evidente que [a vacina] nem é um bem público, nem é, muito menos, um bem global”.
“É lamentável que a Comissão Europeia não tenha estado à altura dos apelos que foram feitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas Nações Unidas (ONU), particularmente pelo secretário-geral António Guterres, que insistiu muito na importância de se partilhar a tecnologia associada às vacinas”, criticou o eurodeputado, numa audição na comissão parlamentar dos Assuntos Europeus sobre a atualidade europeia.
Tendo em conta que “até agora, não houve única empresa farmacêutica a partilhar efetivamente essa vacina”, José Gusmão apontou às responsabilidades do Governo português, que neste primeiro semestre do ano exerce a presidência do Conselho da União Europeia (UE), “pelo bloqueio da UE à petição que deu entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) para suspender os direitos de propriedades industrial associados à vacina covid-19.”
Segundo o eurodeputado, “essa suspensão está mais do que prevista no acordo da OMC sobre direitos de propriedade industrial, que prevê que, num conjunto de situações, esses direitos possam ser suspensos em benefício do interesse público“.
“Penso que a obstaculização a esta suspensão dos direitos de propriedade industrial por parte da UE é um péssimo contributo para a resolução de um problema que só pode ser resolvido à escala global”, considerou.
ZAP // Lusa