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Patrões e funcionários divergem nas opiniões sobre teletrabalho — e o seu futuro

Estudo realizado pela consultora PwC incluiu inquérito a 4600 e permitiu comprovar a preferência dos trabalhadores pelo regime de teletrabalho, enquanto os patrões anseiam pelo regresso ao escritórios, justificando a posição com a diminuição dos níveis de produtividade.

No que a mudanças introduzidas pela pandemia diz respeito, o teletrabalho pode muito bem ser das mais discutidas, reunindo adeptos e críticos — muitas vezes dentro da mesma empresa, dependendo das funções desempenhadas por cada um.

Agora, um inquérito realizado pela consultora PwC em Portugal vem confirmar, com números, aquilo que até agora eram apenas suspeitas — disponibilizando, assim, pistas sobre qual a melhor estratégia a adotar em contexto pós-pandémico.

Numa amostra de 4600 pessoas e 100 empresas, 63% dos funcionários afirmam que a sua empresa ficou “mais ou muito mais” produtiva com a adoção do teletrabalho, uma opinião que é partilhada apenas por 26% dos patrões. De facto, a maioria dos empregadores (63%) considera que ficou “tudo igual”.

Inversamente, apenas 7% dos trabalhadores considera que a empresa ficou menos ou muito menos produtiva, uma ideia com a qual 16% dos patrões concorda.

Como reflexo desta visão, 79% das empresas aguardam um regresso aos escritórios até ao outono, enquanto que essa expectativa é partilhada por apenas 48% dos trabalhadores — que pretendem passar apenas 50% do seu período de trabalho nas instalações.

Numa visão a longo prazo, apenas 13% das empresas considera que o regresso ao trabalho presencial deverá acontecer apenas em 2022. Do ponto de vista dos trabalhadores, há 14% que espera nunca ter de voltar a passar mais de metade do seu período de trabalho em ambiente de escritório.

As opiniões também divergem quando o tema em questão são estratégias a implementar tendo em vista a melhoria da eficácia do teletrabalho.

Para os trabalhadores, é necessário “material de escritório, um dia de trabalho fléxivel, ajuda na gestão do volume de trabalho e um apoio nas despesas domésticas — o que representará, para as empresas, um aumento 189 euros em material de escritório e uma despesa mensal de quase 70 euros em consumíveis.

As empresas, por sua vez, tencionam fornecer ferramentas e tecnologias de suporte, formação para a eficiência, material de escritório e formação a gerentes.

Para realizar o estudo divulgado pelo Público, a PwC reuniu uma amostra de 4600 trabalhadores, com média de 44 anos e dos quais 57% são mulheres. Os participantes distribuem-se sobretudo pelo setor dos serviços, tais como a banca (13%), os seguros (9%), as tecnologia-telecomunicações (9%), o turismo (3%) e a administração pública (3%).

Expectativas para o futuro

Antes de a SARS-Cov-2 ter virado o mundo do avesso, apenas 11% das empresas tinham metade do pessoal em teletrabalho. Após o início da pandemia, esse número subiu para 42%. Face aos números que mostram a preferência dos trabalhadores por este modelo, há empresas que planeiam usá-lo para aumentar a sua competitividade no mercado de trabalho, nomeadamente no processo de atrair novos trabalhadores.

Esta é, de resto, uma das principais razões apresentadas pelas empresas para continuarem com o trabalho remoto (27% dos patrões parece subscrever a estratégia), juntamente com a saúde dos trabalhadores (26%) e a redução do tempo de deslocação (26%).

No que respeita às opiniões dos trabalhadores sobre o seu futuro, 81% desejam pelo menos um dia de teletrabalho, 56% querem três dias ou mais em casa e apenas 21% dos inquiridos rejeita por completo a hipótese.

Apesar das preferências manifestas no estudo, “não existe um posicionamento sólido quanto à aplicação do trabalho remoto”, conclui a PwC. Segundo o inquérito, apenas 1% das empresas diz ter todos os seus funcionários em teletrabalho, com a maioria a considerar que são preciosos dois ou três dias de trabalho no escritório para “manter a cultura da empresa”.

Apenas 9% das empresas considera que a performance comercial não foi afetada, admitindo, por isso, manter o teletrabalho ou até aumentá-lo.

Ainda que o teletrabalho tenha significado uma revolução no contexto laboral mundial, só 30% das empresas acredita não haver “forma de voltar atrás” e que a rotatividade no escritório e o trabalho remoto vieram para ficar.

Isto apesar de defenderem que o escritório ajuda a promover a cultura interna (para 85% dos inquiridos), fornece um espaço de trabalho aos que não podem estar em remoto (59%) e constituem espaços para reuniões com clientes (51%).

Finalmente, um terço (33%) das empresas inquiridas espera reduzir os seus escritórios, tendo em conta o corte nos custos operacionais, o aumento do número de pessoas em teletrabalho e o aumento da frequência no trabalho remoto.

ARM, ZAP //

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