O novo passe ferroviário da CP a 20€, proposto pelo Governo, apareceu, em outubro, como uma esperança de poupança. No entanto, quer seja pela rapidez, preço ou acessibilidade, andar de autocarro continua a compensar mais.
O novo passe ferroviário de 20€ da CP entrou em funcionamento em outubro, mas evidenciou, desde logo, alguns pontos fracos.
O passe que já foi vendido 73.232 vezes apenas pode ser usado nos comboios Intercidades (segunda classe), Regionais, InterRegionais, urbanos de Coimbra e alguns percursos dos urbanos de Lisboa e Porto.
De fora desta lista ficaram, então, os comboios mais rápidos: o Alfa Pendular e o Internacional Celta, bem como primeira classe do Intercidades e dos InterRegionais.
Deste modo, os autocarros continuam a compensar mais.
Como mostram números detalhados pelo Jornal de Notícias, detalhados esta quinta-feira, a Rede Expressos e Flixbus não perderam passageiros com a entrada em vigor do novo passe da CP de 20€.
Pelo contrário, de acordo com o JN, a procura aumentou 18%, nos últimos dois meses, face ao mesmo período do ano passado.
As perturbações nos serviços ferroviários, causadas pelas greves, e o ajuste dos preços nos transportes rodoviário nacional são razões apontadas pela Rede de Expresso ao JN para a ausência do impacto do novo passe ferroviário no setor.
Autocarros salvam o interior
Além disso, com o interior do país cada vez mais despido de ferrovias, quem vai salvando as pessoas são os autocarros.
Como atesta o diretor-geral da Flixbus em Portugal, Pablo Pastega, ao Jornal de Notícias, “cerca de 50% dos destinos da nossa rede são no interior, o que prova a importância dos chamados expressos na mobilidade do país“.
“E é investimento privado, sem qualquer tipo de apoio do Estado, contrariamente à CP”, acrescenta.
A Flixbus, que já chega a 90 cidades portuguesas, vai acrescentar 11 novos destinos à sua rede, das quais metade serão no interior do país.