Após quatro anos de investigação à partilha ilegal de jornais e revistas, em plataformas como o Telegram ou o Whatsapp, a Polícia Judiciária chegou a dois suspeitos que foram constituídos arguidos. Mas “isto é só o começo”.
Este é o primeiro inquérito que a Polícia Judiciária (PJ) realiza às redes ilegais de partilha de jornais e revistas em plataformas de troca de mensagens, como o Telegram e o Whatsapp.
A investigação inédita realizada ao longo de quatro anos permitiu à PJ identificar os responsáveis por um dos grupos do Telegram, como avança o Diário de Notícias (DN). Deste modo, detectou os autores iniciais da partilha dos ficheiros.
Em causa estão crimes de acesso ilegítimo e usurpação de conteúdos jornalísticos que causam prejuízos de cerca de 50 milhões de euros anuais ao sector, como aponta o DN. Ainda para mais, numa altura em que a imprensa vive uma profunda crise financeira.
“Vamos alargar as investigações. Isto é só o começo“, assegura uma fonte oficial da PJ ao jornal, notando que “está a haver um grande esforço das autoridades” para “mitigar o problema” e “identificar os autores”.
Em 2021, o Tribunal da Propriedade Intelectual de Lisboa ordenou ao Telegram para bloquear “17 grupos e canais de partilha ilegal de jornais, revistas e filmes, com mais de 10 milhões de utilizadores, sobretudo em Portugal e no Brasil, mas também noutros países de língua oficial portuguesa”, aponta o DN.
Nessa altura, foram encerrados “11 canais que operavam em Portugal dentro da rede Telegram”, sublinha ainda o jornal.
Mas as partilhas ilegais de ficheiros continuam, até porque é muito fácil criar novos grupos e fugir ao controle das autoridades.
O DN fala, por exemplo, de um grupo intitulado “Jornais e Revistas PT”, onde “estão inscritas 43 mil pessoas“, incluindo “figuras públicas como políticos, empresários, padres, militares e treinadores de futebol”.
Habitualmente, estes grupos usam os jornais “como isco” para vender códigos de acesso a plataformas de streaming como a Netflix ou a HBO, a Sport TV ou a Eurosport, aponta ainda o DN.
E mesmo que quem, no final, leia os ficheiros partilhados, não esteja a cometer um crime, é importante que saiba que está a participar activamente numa rede criminosa.