PE reclama meio milhão que Le Pen gastou em prendas, champanhe e jantares luxuosos

O Parlamento Europeu pretende o reembolso de mais de meio milhão de euros ao grupo parlamentar da União Nacional – UN, ex-Frente Nacional -, gastos pelo partido de Marine le Pen em despesas injustificadas como prendas, champanhe caro e jantares luxuosos.

A decisão de reclamar o reembolso das despesas foi tomada nesta segunda-feira, com o apoio unânime do órgão da direção da instituição encarregado de validar as contas dos diferentes grupos políticos, divulgou fonte parlamentar.

O grupo da Europa das Nações e Liberdades, ENL, que tinha sido instado, mais uma vez, a justificar-se no final de maio, não vai entregar dinheiro, uma vez que a administração do Parlamento tinha congelado, por precaução, mais de 500 mil euros do orçamento de funcionamento deste grupo para 2018, que se eleva a mais de três milhões de euros.

No Parlamento Europeu, é atribuído aos oito grupos políticos um orçamento anual para os custos de funcionamento.

A Comissão do Parlamento, que é o órgão de validação das contas, é integrada pelo presidente da instituição, agora, o italiano António Tajani, e 14 vice-presidentes, decidem os montantes afetos a cada grupo em função da dimensão deste.

O relatório financeiro do grupo ENL relativo ao ano 2016 não tinha sido validado pela Comissão e uma auditoria externa tinha identificado 477.780 euros de despesas consideradas não admissíveis. Inadmissibilidade está justificada tanto com a falta de justificativos adequados, ou por “infringirem o princípio da boa gestão financeira” ou “as regras relativas aos mercados públicos”.

A respeito de 2017, também terão de ser reembolsados 66.427 euros de despesas consideradas ilegíveis.

Entre as despesas listadas no relatório da auditoria de 2016, que a agência AFP consultou, figuram uma centena de prendas de Natal a mais de 100 euros, cerca de 230 garrafas de champanhe, das quais seis custaram mais de 81 euros, e um jantar de natal para 140 pessoas que custou mais de 13.500 euros.

Também são mencionadas uma refeição com “industriais” no restaurante parisiense L’Ambroisie, a 449 euros por pessoa, e um outro organizado por razões de “diplomacia” no Ledoyen, perto dos Campos Elísios, para duas pessoas, por 401 euros cada uma.

O semanário Le Canard Enchaîné tinha afirmado que esta última refeição reuniu o dirigente do partido italiano de extrema-direita Liga e atual ministro do Interior Matteo Salvini e a presidente da União Nacional, Marine Le Pen. Esta última, que saiu do Parlamento Europeu para ser deputada em França, contudo, negou tal encontro.

O grupo ENL reúne 35 deputados, dos quais mais de metade são da UN. Integra também eleitos pelo FPO austríaco, pela Liga italiana e do Partido para a Liberdade holandês.
A maior parte das despesas de alimentação injustificadas é atribuída aos eleitos franceses.

Os fundos entregues pelo Parlamento Europeu para o funcionamento dos grupos parlamentares são diferentes dos utilizados pelos eurodeputados para remunerar os seus assistentes parlamentares, que têm valido a vários eurodeputados pedidos de reembolso, devido a empregos considerados fictícios.

Um dos casos foi o de Marine Le Pen, a quem foi exigido o reembolso de 300 mil euros pelo emprego considerado duvidoso de uma assistente, Catherine Griset, quando era eurodeputada.

ZAP // Lusa

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