Uma nova série de documentos revela que António Mexia era o beneficiário da Miamex Ventures Limited, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas que acumulou seis milhões de dólares.
Um ficheiro em falta na investigação original dos Panama Papers que foi agora encontrado confirmou que António Mexia era o nome por trás da Miamex Ventures Limited, uma offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas.
A nova fuga de informação foi obtida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), que o Expresso integra. Os documentos surgem no contexto de uma investigação sobre corrupção e crimes financeiros que ligam Mexia à Miamex, através da gestão de ativos realizada por Bernardo d’Orey, vice-presidente da EFG Capital, em Miami.
Os Pandora Papers, que em 2021 trouxeram à luz milhares de documentos sobre estruturas financeiras offshore, não identificaram inicialmente Mexia como beneficiário final da Miamex Ventures. No entanto, uma nova série de documentos de 2019, relacionados com a Boreal Capital Management, uma empresa suíça de gestão de fortunas, confirmou que Mexia era o beneficiário dos seis milhões de dólares geridos pela EFG Capital.
Mexia é arguido desde 2017 em várias investigações do Ministério Público (MP), envolvendo suspeitas de corrupção e outros crimes financeiros enquanto esteve à frente da EDP.
O MP, que não tinha até agora conhecimento da Miamex Ventures, está a concluir duas das investigações relacionadas com Mexia, incluindo uma que envolve subornos alegadamente pagos pela construtora Odebrecht no contexto da construção da barragem do Baixo Sabor, em Trás-os-Montes. Não há, contudo, indícios que liguem os fundos da Miamex a este caso específico.
Durante os anos em que liderou a EDP, Mexia foi um dos executivos mais bem remunerados em Portugal, com uma fortuna pessoal que, em 2019, era estimada em 20 milhões de dólares. A Miamex Ventures foi liquidada voluntariamente em 2020, poucos dias antes de Mexia ser interrogado pelo MP.