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Documentos revelam que o Palácio de Buckingham proibiu a contratação de minorias étnicas

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Facundo Arrizabalaga / EPA

A Rainha Isabel II

De acordo com uma nova investigação, o Palácio de Buckingham proibiu “imigrantes de cor ou estrangeiros” de servir em funções clericais na casa real até ao final dos anos 1960.

A investigação levada a cabo pelo The Guardian indica que os documentos também esclarecem como o Palácio de Buckingham negociou cláusulas polémicas que isentam a rainha e a família real de leis que evitam a discriminação racial e sexual.

Na década de 1960, os ministros do governo introduziram leis que tornariam ilegal a recusa de empregar um indivíduo com base na sua raça ou etnia.

A rainha permaneceu isenta dessas leis de igualdade durante mais de quatro décadas. A isenção tornou impossível que as pessoas de minorias étnicas que trabalhassem para a sua família não pudessem alegar discriminação perante a justiça.

Agora, os documentos foram descobertos nos Arquivos Nacionais como parte de uma investigação sobre um procedimento parlamentar misterioso, conhecido como consentimento da Rainha, para influenciar secretamente o conteúdo das leis britânicas.

Segundo os documentos, em 1968, o principal gerente financeiro rainha informou os funcionários do palácio que não era habitual “nomear imigrantes negros ou estrangeiros” para funções na casa real, embora estes tivessem permissão para trabalhar como empregados domésticos.

O jornal britânico refere que não está claro quando é que esta prática teve fim, sublinhando ainda que o Palácio de Buckingham recusou comentar o assunto, mas frisou que existem registos que mostram várias pessoas de minorias étnicas a trabalhar para a instituição na década de 1990.

A lei, escreve o The Guardian, foi estendida pelo menos até ao século XXI, quando em 2010 a Lei da Igualdade substituiu a Lei das Relações Raciais de 1976, a Lei da Discriminação Sexual de 1975 e a Lei da Igualdade Salarial de 1970.

Ao longo dos anos, foram surgindo várias críticas à casa real, acusando-a de empregar poucos negros, asiáticos ou pessoas de minorias étnicas.

Em 1990, o jornalista Andrew Morton relatou no Sunday Times que “um rosto negro nunca agraciou os escalões executivos do serviço real – a família e os funcionários” e “mesmo entre funcionários clericais e domésticos, há apenas um punhado de recrutas de minorias étnicas”.

Agora, é provável que os documentos tragam à tona questões étnicas. Grande parte da história da família está intimamente ligada ao império britânico, que subjugou pessoas em todo o mundo, recorda o jornal britânico.

O tema do racismo tem pairado frequentemente em Buckingham. Em março, Megahn Markle, a Duquesa de Sussex – o primeiro membro mestiço da família –  alegou que um membro da família expressou preocupações sobre a cor da pele do seu filho.

Estas afirmações levaram o mundo inteiro a questionar que membro dos Windsor, em pleno século XXI, ainda poderia fazer este tipo de comentários.

As alegações da esposa de Harry obrigaram o príncipe William a afirmar que a família real não era racista.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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