Pais de Maddie querem operação conjunta para acelerar investigação

Tiago Petinga / Lusa

Kate e Gerry McCann, os pais de Maddie

Uma operação policial conjunta entre Portugal e o Reino Unido poderia acelerar a investigação ao desaparecimento de Madeleine McCann, que esta sexta-feira completa sete anos, acreditam os pais, Kate e Gerry McCann.

“O que gostaríamos mesmo era ver uma investigação conjunta em vez de duas a decorrer em paralelo. Há muita burocracia envolvida, cartas rogatórias internacionais que são muito chatas e que têm um processo muito moroso”, afirmou Gerry McCann em entrevista à agência Lusa.

Atualmente decorrem duas investigações, uma em Portugal da Polícia Judiciária, após reabertura do inquérito por parte do Ministério Público, e outra no Reino Unido, a cargo da Polícia Metropolitana (Scotland Yard).

Recentemente, o vice comissário adjunto da polícia britânica, Martin Hewitt, lamentou a recusa das autoridades portuguesas em formar uma investigação conjunta, mas Gerry McCann insiste nesta solução.

“Significaria que não teríamos de passar por este processo extremamente burocrático e a polícia estaria a falar com a polícia, como estão a fazer. Penso que a polícia pensa da mesma maneira em todo o mundo, querem resolver crimes e discutir linhas de investigação e como vão abordar as coisas. Claramente, a polícia britânica tem ideias de como quer atuar, mas não é possível ter uma investigação da polícia britânica em Portugal. Não pode acontecer. Precisamos que trabalhem juntas. Penso que seriam mais eficazes, sem dúvida”, argumentou.

Financiamento da UE

O cardiologista sugeriu ainda que equipa de investigação internacional poderia receber financiamento adicional da União Europeia, algo que a Scotland Yard também confirmou à agência Lusa.

De acordo com os regulamentos europeus para as Equipas de Investigação Conjuntas, é possível obter assistência financeira da UE, Eurojust e Europol para “assistência financeira para despesas de deslocação/alojamento e interpretação/tradução e apoio logístico (empréstimo de equipamentos).

“Apesar de terem passado sete anos, ainda me custa que as coisas demorem semanas ou meses para acontecerem ou chegar uma resposta a uma questão específica. Mas acredito que, se os dois países trabalhassem juntos, isso aceleraria as coisas”, reiterou Kate McCann.

Os progenitores não estão totalmente surpreendidos com os desenvolvimentos da investigação britânica, que lançou vários apelos públicos a pedir informação, o mais recente dos quais relacionado com alegados ataques sexuais a famílias britânicas de férias no Algarve.

“Pelo menos metade destes casos nós já conhecíamos. Logo no dia 04 de maio [de 2007] soube de alguns destes casos, mas nessa altura foi-me dito que era considerado irrelevante”, afirmou Kate McCann.

Outros casos

A polícia britânica afirma ter identificado, no total, 18 casos em que famílias inglesas de férias em Portugal se queixaram de um intruso entrar nos quartos das filhas menores, dos quais nove resultarem em ataques sexuais, e de descreverem características comuns que fazem acreditar que os casos possam estar relacionados.

Sobretudo, Gerry McCann congratula-se com o contacto regular, mesmo não sendo frequente, com os detetives da Scotland Yard, o que não acontece com a PJ, cujos agentes só encontrou em outubro do ano passado.

“Mantêm-nos muito a par dos desenvolvimentos o que é ótimo porque, como pais de uma criança desaparecida – e eu sei a mãe do Rui Pedro também disse isto -, é a falta de informação que nos desarma completamente”, confessou.

/Lusa

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