Os neandertais dificilmente sobreviveriam à covid

Foram descobertas ligações surpreendentes entre genes Neandertais e o maior risco de desenvolvimento de um quadro clínico grave provocado pela covid.

Um estudo, realizado na cidade italiana de Bergamo (muito afetada pela covid, no início de 2021), encontrou uma ligação genética direta entre a herança Neandertal e sintomas graves da covid.

O objetivo do estudo foi perceber o motivo pelo qual aquela região em específico teve uma taxa de mortalidade tão elevada, devido à infeção.

Investigadores do Instituto Mario Negri para a Investigação Farmacológica em Milão descobriram que os genes herdados dos Neandertais aumentavam significativamente o risco de desfechos graves, como, por exemplo, a necessidade de internamento em unidades de cuidados intensivos (UCI).

O estudo analisou cerca de 10.000 indivíduos da cidade do norte de Itália, perto de Milão. Os resultados revelaram que pessoas com o material genético Neandertal tinham o dobro da probabilidade de desenvolver pneumonia grave e três vezes mais probabilidade de ficar internadas em UCI do que aqueles sem genes Neandertais.

Curiosamente, a maioria das pessoas que sofreu de doença respiratória grave tinha na sua herança genética três genes dos Neandertais.

Neandertais eram mais vulneráveis

Giuseppe Remuzzi, o diretor do Instituto Mario Negri, afirmou que “o estudo mostra que há uma secção particular do genoma humano que está significativamente associada ao risco de contrair covid e de desenvolver uma forma grave da doença”.

O cientista também constatou que 33% dos pacientes que tiveram complicações mais sérias tinham o genes Neandertais; coisa que não se verificou naqueles que desenvolveram sintomas leves (ou nenhum sintoma) de uma infeção por covid.

Apesar do estudo não ter explicado inteiramente o motivo pelo qual a taxa de mortalidade em Bergamo foi mais alta do que em outras áreas de Itália ou da Europa, mas corroborou a vulnerabilidade Neandertais, quando expostos a novas doenças.