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Os depósitos que (agora) pagam mais que os Certificados de Aforro

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Antes da mudança de série dos Certificados de Aforro (CA), apenas três depósitos a prazo rendiam mais do que as dívidas do Estado. Esta segunda-feira, esse número aumentou para 29 — e nenhum é dos cinco maiores bancos portugueses.

A alteração — que não se deve à gentileza dos bancos, mas sim à redução em 1 ponto percentual da taxa máxima base dos CA (de 3,5% para 2,5%) — também está relacionada com o fim do prémio de subscrição inicial de 1%, avisa o ECO.

Analisando a oferta comercial de depósitos a prazo até 25 mil euros de um total de 23 bancos registados no Banco de Portugal, o jornal concluiu que os depósitos mais favoráveis à poupança são oferecidos por bancos de pequena e média dimensão — e a maioria destina-se apenas a novos clientes.

Neste cenário, os bancos como a Caixa Geral de Depósitos, Santander Totta, Millennium bcp, Banco BPI e Novobanco, segundo o ECO, não mostram competitividade, com taxas de juro muito reduzidas em comparação a bancos de menor dimensão.

Estes bancos têm muitas vezes produtos associados, como seja um cartão de crédito, a domiciliação do ordenado ou o crédito à habitação, que acarretam o pagamento de comissões.

Os depósitos mais apetitosos

Na semana passada, com a Série E ainda no ativo, não havia nenhum depósito a três meses que pagasse mais que os CA. Hoje, há cinco soluções mais rentáveis.

Entre elas estão — com uma taxa anual nominal líquida (TANL) de 2,52% — o “Super Depósito 3 meses” do Banco Big e o “bpg start” do Banco Português de Gestão (TANL de 2,52%).

A partir dos 2000 e 2500 euros, respetivamente, as ofertas estão disponíveis para novos clientes dos bancos.

Já no lote de ofertas de planos de poupança de seis meses está na frente, mais uma vez — e entre seis opções que pagam mais que os CA —, o Banco Big com o “Super Depósito 6 meses” (TANL de 2,88%), disponível a partir dos 25 mil euros.

Para aplicação de poupanças a 12 meses, os aforradores podem fugir para nove diferentes soluções mais apetecíveis do que os Certificados. Neste lote, com uma TANL de 2,63%, está o “Depósito Novos Clientes 22.º Aniversário” do Banco Best, disponível para depósitos entre os 2500 e os 75 mil euros. A vantagem é que os juros são pagos de imediato, isto é, no momento em que o depósito é efetuado.

A dois anos, há seis novas ofertas mais apetitosas. O “bpg valor” do Banco Português de Gestão (TANL de 2,52%) e o “Depósito a Prazo Premium EUR” do Banco BAI Europa (TANL de 2,41%) são as mais lucrativas.

A três anos, as ofertas “bpg valor” do Banco Português de Gestão (TANL de 2,7%) e o “BNI Europa Particulares sem mobilização antecipada” do Banco BNI (TANL de 2,38) são as duas únicas ofertas a considerar.

De recordar que, com a mudança de série dos Certificados de Aforro, os aforradores têm de esperar mais três anos para obter o mesmo montante de juros que receberiam antes da mudança de regras, que Marcelo Rebelo de Sousa considera um “apelo implícito à banca”.

Secretário das finanças chamado com urgência

Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças vão chamar ao parlamento com caráter de urgência o secretário de Estado das Finanças sobre o fim da série ‘E’ dos Certificados de Aforro e a distribuição deste produto pela banca.

Os deputados aprovaram hoje por unanimidade o requerimento apresentado pelo PCP para audição urgente do secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, sobre a suspensão de emissão de certificados de aforro da série ‘E’, tal como a parte do requerimento do BE que chamava este governante.

Por outro lado, foi chumbada a parte do requerimento do BE que também chamava com caráter de urgência à Comissão de Orçamento e Finanças (COF) o ministro das Finanças, Fernando Medina, devido ao voto contra do PS.

Pelo caminho ficou igualmente devido ao voto contra do PS, o requerimento do Chega para audição urgente do ministro das Finanças e do presidente do Conselho de Administração da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), Miguel Martín.

Durante a discussão sobre os requerimentos, o deputado do PCP Duarte Alves considerou que a Assembleia da República (AR) “não pode passar ao lado de uma decisão que afeta a poupança”, mas também “a relação com a própria banca”.

Um argumento partilhado pela deputada do BE Mariana Mortágua que defendeu ser importante discutir o “momento da decisão tomada, depois da declaração dos bancos”, bem como as comissões que a República vai ou não pagar aos bancos privados pela distribuição do produto.

Também o deputado do Chega Rui Afonso sustentou que os CA são um “importante instrumento de poupança dos portugueses” e que “permite estar menos dependente do financiamento bancário”.

ZAP // Lusa

 

13 Comments

  1. Estas taxas são tão ridículas que mais vale comprar Bitcoin e esperar. A probabilidade de Bitcoin render mais que estes depósitos e certificados é 99.99999999%. Não há que enganar.

    • Eu até sei como obter muito melhor rentabilidade do dinheiro, por experiência e risco próprio, mas não me atrevo a dar palpites.
      Não é preciso estudar, basta falar com qualquer pessoa de idade que eles explicam, sobretudo os que já eram adultos antes do 25 de abril74.
      O meus filhos que tem vinte e picos anos, também eram adeptos da aldrabice das criptomoedas, até as mesmas terem dado o estouro e muita gente ter ficado a arder; eu não os conseguia demover da ideia, apesar de todos saberem que é uma aldrabice, um esquema.

  2. Os juros bancários são um autêntico roubo! A banca, que deveria também ter uma responsabilidade social, além da habitual lógica de lucro, são a única actividade que tem a sua “matéria-prima” (dinheiro) a custo quase zero (o que paga pelos depósitos) para depois o vender, pelos créditos e empréstimos, a juros normalmente acima dos 7%-8%. É de facto um abuso e um verdadeiro assalto!!!

  3. O IGCP na figura do seu CEO mais o conluio com o Governo, são uns vendidos, mais uma vez demonstrado que cedem as pressões dos ricos contra os pobres ou remediados. Com a maior descarada. A autoridade da concorrência não entra aqui? Porque supostamente a rentabilidade dos CA série E servia a saudável concorrência até porque a banca privada está a encaixar lucros como nunca. E então há uma concertação porque para mim não tem outro nome na rentabilidade dos produtos económicos? Isto é permitido? Pois eu parece-me crime e punível tal como puniram as grandes superfícies por concertação de preços. Estão a gozar com quem trabalha.

    • Que palermice pegada este seu comentário. E ainda é mais ridículo quando se lê o seguinte disparate “…cedem as pressões dos ricos contra os pobres ou remediados”.
      O amigo deve achar bem que todos os contribuintes andem a suportar as remunerações excessivas, face ao mercado, das poupanças daqueles que as conseguem ter. É que nem todos conseguem poupar mas todos são obrigados a contribuir nos impostos e taxas. E com isso o pobre anda a sustentar, se não o rico, pelo menos o remediado.

      • Aahhh, quer dizer, só os juros dos Certificados é que são pagos com os Impostos pagos por todos os Portugueses.
        Os empréstimos aos Fundos Internacionais, que são pagos ao estrangeiro sem que tragam qualquer mais valia para a economia interna, esses são pagos com quê, o dinheiro do BES ?
        É que, mesmo que acabem de vez com os Certificados, onde podemos aforrar 100, 200 ou o que sobrar dos mês a mês, o Estado não deixa de emitir milhares de milhões de pedidos de empréstimo, a pagar juros pouco menores que os Certificados.

      • E quanto é que todos nós pagamos mesmo de.juros a esses fundos internacionais? Pois…pagamos menos do que nos certificados de aforro… O Estado não tem d

      • O problema é que nós pagamos menos juros a esse fundos internacionais do que a taxa até aqui praticada nos certificados de aforro. E a função do Estado não pode ser tirar aos que menos têm para dar aos que mais têm, ainda por cima a valores acima do mercado.

      • Isso não chega, amigo. Para este campeonato tem de trazer números. Isto não é propriamente a tasca. Até lá continuo com a razão do meu lado. Aguardo… provavelmente sentado…

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