Uma equipa de cientistas do Instituto de Geologia e Geofísica (IGG) da Academia Chinesa de Ciências, liderada por Wan Bo, concluiu que a tectónica de placas globalizou-se há, pelo menos, 2.000 milhões de anos.
Na prática, a investigação, cujos resultados foram publicados esta semana na revista científica Science Advances, sugere que todos os continentes da Terra já se moviam de forma global há, pelo menos, 2.000 milhões de anos.
A Terra tem cerca de 4,56 mil milhões de anos e, apesar de alguns geólogos terem argumentado que as placas tectónicas estão no ativo há 4 mil milhões de anos, este é o primeiro estudo que fornece evidências globais sobre o assunto, frisa a Europa Press.
Atualmente, a colisão continental mais conhecida na Terra acontece nas montanhas dos Himalaias, à medida que a placa Índia colide com a Eurásia (grande massa continental formada pelos continentes europeus e asiático).
Através da sismologia, os cientistas visualizaram este impacto e descobriram que as ondas do terramoto mostram que a Eurásia se encontra a subir sobre a placa Índica.
Agora, os cientistas do IGG desenvolveram um estudo sismológico para investigar a estrutura da antiga crosta numa das mais antigas e estáveis regiões, Ordos, uma cidade chinesa perto da Mongólia Interior, que é agora plana, sem montanhas.
“Embora a estrutura de imersão que encontramos seja idêntica à que observamos atualmente nos Himalaias, o que vemos tinha 2 mil milhões de anos”, explicou Wan.
Além das evidências antigas de subducção na China, os cientistas mostraram ainda que outros estudos sismológicos levados a cabo noutros continentes também mostraram estruturas de imersão semelhantes com 2.000 milhões de anos.
Sintetizando: os cientistas acreditam que a tectónica de placas possa ter começado a existir na Terra desde os seus primórdios, mas esta só começou a ter uma dinâmica de global há 2.000 milhões de anos.
“É como a invenção da Internet“, exemplifica o co-autor do estudo Ross Mitchel, do mesmo instituto chinês. “Embora tenha existido de uma forma ou de outra durante décadas, foi só na década de 1990 que começou a era da informação” – e o mesmo terá acontecido com a tectónica de placas.