A origem do vulcão Kilauea, o mais ativo do mundo, pode ter sido finalmente desvendada

howardignatius / Flickr

As primeiras luzes da manhã sobre a caldeira do Kilauea

Uma nova pesquisa sugere que o vulcão nasceu depois de uma erupção com origem a 100 quilómetros de profundidade entre há 210 mil e 280 mil anos.

O vulcão Kilauea, no Havai, é considerado o mais ativo do mundo, mas existem ainda muitos mistérios em torno da sua origem.

Um novo estudo publicado na Nature Communications debruçou-se sobre estas questões e sugere que a matriz original de magma está a mais de 90 quilómetros debaixo do centro do vulcão.

Já duas pesquisas anteriores tinham descoberto duas câmaras superficiais de magma debaixo do Kilauea, mas estas não eram grandes o suficiente para explicar a quantidade de magma que o vulcão expele

As análises a fragmentos partidos de antiga rocha vulcânica — que são particularmente difíceis de se encontrar devido às camadas de lava sob as quais estão enterrados — escavados do sudeste da ilha, mostram que o Kilauea nasceu de uma piscina de material piroclástico quase a 100 quilómetros de profundidade, escreve o Science Alert.

Entre há cerca de 210 mil e 280 mil anos, a placa tectónica do Pacífico deslocou-se e uma erupção de magma explodiu e chegou até ao mar. Quando o líquido escaldante arrefeceu e se solidificou, formou um enorme escudo que se assentou entre as ondas há 100 mil anos.

Assim nasceu o Kilauea. Anteriormente acreditava-se que o vulcão tinha sido criado através do derretimento parcial de rochas devido ao calor emitido. No entanto, a nova pesquisa não descobriu provas para esta hipótese.

Em vez de um derretimento parcial, o vulcão foi formado com uma cristalização fracionária — a criação de cristais em piscinas profundas de magma, que não reagem com o derretimento residual mais tarde.

“Exploramos a formação destas amostras através de trabalhos experimentais, que envolvem o derretimento de rochas sintéticas a altas temperaturas (superiores a 1100.ºC) e altas pressões (superiores a 3 GPa) e usando um novo método de modelação. Concluímos que as amostras só podiam ser formadas pela cristalização e remoção de granada“, explica a geóloga Laura Miller, autora principal do estudo.

A granada é um cristal que se pode formar quando o magma é sujeito a altas pressões e temperaturas, mais de 90 quilómetros abaixo da crosta da Terra. A sua presença sugere que a erupção original que formou o vulcão veio de profundidades semelhantes ou que tenha até sido mais profunda.

ZAP //

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