Orçamento do Estado para 2022 terá que ser revisto devido à Guerra na Ucrânia

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Tiago Petinga / Lusa

António Costa não se quis comprometer com alterações, preferindo esperar para perceber os impactos das sanções impostas pelo ocidente, mas também das que podem vir a ser anunciadas pelo Kremlin.

Durante a campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro, António Costa fez uso do Orçamento do Estado para mostrar aos eleitores que um voto no PS seria um voto na estabilidade face ao avançado estado do documento, que poderia ser aprovado, no caso de uma maioria absoluta, com relativa facilidade e velocidade, pondo fim ao impasse político que o país viveu como consequência do chumbo do próprio OE e consequente dissolução da Assembleia da República.

A decisão do Tribunal Constitucional de ordenar a repetição das eleições no círculo da Europa, como consequência da anulação de cerca de 135 mil votos, veio alterar os prazos anteriormente previstos para a provação do documento. No entanto, é a crise provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia que pode determinar alterações ao Orçamento face a alterações profundas no cenário económico: a escalada do preço do petróleo, o aumento da incerteza económica ou a eventual subida das taxas de juro serão variáveis a considerar.

Na sua declaração ao país, ontem, António Costa não se comprometeu com qualquer tipo de alteração, justificando-se com o facto de ser demasiado prematuro por não se saber qual o impacto económico das sanções a aplicar à Rússia e das contra-medidas que o Kremlin decida impôr. “É preciso saber qual a extensão, a duração deste conflito. Em função disso poderemos fazer uma avaliação integral da situação”, explicou António Costa.

No entanto, o jornal Público noticia que no seio do PS já se admite que o “Orçamento tem de ser modificado. O risco do aumento das taxas de juro, a inflação, os custos da energia, tudo o que tem a ver com custos de matérias-primas e setor alimentar vieram mudar os dados“, apontou um dirigente socialista.

Esta possibilidade também é dada como certa no PSD, com Hugo Carneiro, economista e deputado, a antecipar que a guerra vai originar “alterações substanciais” na versão do Orçamento do Estado, uma vez que “o quadro macroeconómico está a evoluir de forma desfavorável“.

“O aumento dos preços energéticos tem um impacto brutal nas economias europeias e na portuguesa também terá. Se isto começa a impactar nos juros à habitação, as famílias vão começar a sentir o aumento das prestações”, justifica o também professor da Universidade Católica de Lisboa e quadro do Banco de Portugal. O deputado diz ainda que “as bolsas mundiais desde o início do ano têm assistido a uma instabilidade grande por causa da incerteza da economia e da inflação“.

ZAP //

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