Há muitos trabalhadores que ainda caem nas malhas das redes de angariadores de mão-de-obra. O Sindicato da Construção afirma que “há milhares de operários portugueses explorados no estrangeiro”.
“É o pão nosso de cada dia. O sector está muito complicado. Nunca houve tanta precariedade”, refere Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção, citado pelo Diário de Notícias.
O caso mais recente é o de um conjunto de operários a trabalhar na Bélgica, que ganha o salário-base português e, segundo o matutino, os descontos são feitos sobre metade ou até só sobre um terço do valor total.
O caso foi descoberto por acaso, quando o sindicato estranhou que todos os meses, um sócio, destacado na Bélgica, tivesse dez a vinte faltas injustificadas. Esta é uma forma de uma empresa, de Marco de Canaveses, fugir ao fisco e à Segurança Social.
“Nenhuma companhia manteria um trabalhador que falta mais de metade do mês. Os dias que dá como faltas injustificadas são dias sobre os quais não faz descontos, prejudicando o Estado e a carreira contributiva do trabalhador. É uma fuga aos impostos à descarada e não percebo como é que a Segurança Social não estranha isto”, diz o sindicato.
A empresa em causa estará a manipular os recibos e a prejudicar, salarialmente, os seus operários. De acordo com o DN, os trabalhadores recebem o salário-base português, de 600 euros, em vez do belga (de 1500). O jornal tentou contactar a empresa em causa, mas sem êxito.
No entanto, Albano Ribeiro sublinha que este é apenas um dos muitos exemplos que todos os dias chegam ao sindicato. “Por cada denúncia que fazemos, aparecem mais dez casos. Não tenho qualquer dúvida de que há milhares de trabalhadores portugueses a ser explorados no estrangeiro.”
“Infelizmente, são portugueses que os exploram. Muitos deles só denunciam as situações mais tarde, quando já conseguiram arranjar outro emprego, até porque têm vergonha. Há pessoas a receber metade do prometido e há pessoas que até fome passam”, denunciou o presidente do Sindicato da Construção.
O sindicato vai pedir uma reunião, com carácter de urgência, ao Governo.