Jorge Costa, pelo Bloco de Esquerda, e Vasco Cardoso, pelo PCP. São estes os “olheiros” da esquerda – ou antigos parceiros de geringonça – a marcar presença no Congresso do PS deste fim de semana.
Quer do lado do Bloco de Esquerda, quer do lado do PCP, a crença no sucesso das negociações é pouca e é com este espírito que Jorge Costa e Vasco Cardoso vão marcar presença no Congresso socialista deste fim de semana.
O Observador salienta que, à esquerda, há quem lamente o facto de não estar planeada uma intervenção do atual ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
Em maio já se falava do low-profile que o governante irá adotar no congresso. Na altura, fontes próximas ouvidas pelo Público disseram que seria o oposto do perfil adotado há três anos e que se justificava para não criar conflitos nas relações já esfriadas com António Costa.
Os bloquistas registaram o facto de Pedro Nuno estar a assumir uma posição discreta e acreditam que será uma forma de adiar a questão da sucessão de Costa e de manter a ala pedronunista afastada do poder no PS. Pelo menos, para já.
Esta pode ser uma má notícia para a esquerda, uma vez que, com Pedro Nuno Santos na liderança do Partido Socialista, os acordos poderiam ficar mais fáceis. Ao mesmo tempo, pode também ser uma boa notícia, uma vez que o eleitorado estaria menos inclinado a votar nos partidos que se situam à esquerda do PS.
O PCP também olha com pouca esperança para o evento socialista.
Em resposta ao diário, os comunistas disseram que “a dimensão dos problemas que o país enfrenta e a resposta exigida para lhes responder, seja no plano do que resultou mais evidenciado com a epidemia, seja dos problemas de fundo que marcam a realidade sócio-económica, exigem uma política alternativa que rompa com opções e critérios que conduziram à atual situação”.
Em relação à entrevista do primeiro-ministro, publicada esta semana no semanário Expresso, o PCP considera que “está longe de permitir identificar, quer no domínio do Orçamento do Estado para 2022, quer em outros domínios como os dos salários, direitos e legislação laboral, que essa seja a opção que o Governo do PS admita fazer”.
Há quem acredite que o próximo Orçamento do Estado terá o aval do PCP, mas os comunistas não parecem tão convencidos. Aliás, sublinham mesmo que, em questões de “salários, direitos e legislação laboral” estão em dessintonia com o PS.
As negociações estão congeladas e as relações do PS com a esquerda esfriadas. O congresso socialista não parece reservar boas notícias.