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Olena Zelenska: de argumentista a primeira dama da Ucrânia

Wikimedia

A primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska

Olena Zelenska, a mulher do Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, opôs-se à sua candidatura presidencial em 2019.

Embora a resposta de Volodymyr Zelenskyy à invasão russa tenha levado o Presidente ucraniano aos holofotes globais, a sua primeira dama restringiu grande parte do seu papel público a publicações de apoio moral nas redes sociais.

Mas isso mudou na semana passada, quando Olena Zelenska publicou uma carta de quase 1.000 palavras “para os media globais” no site oficial do seu marido, de acordo com o The Week.

O “testemunho de Zelenska da Ucrânia”, publicado no Dia Internacional da Mulher, descreveu a “horrível realidade” da vida no seu país à medida que a invasão russa se intensifica.

“As nossas mulheres e crianças vivem agora em abrigos anti-bombas e caves”, escreveu a primeira dama, nomeando três das crianças ucranianas que foram mortas em ataques russos. Dezenas de crianças recém-nascidas “nunca conheceram a paz nas suas vidas”.

Olena Zelenska também repetiu os apelos do seu marido para uma zona de interdição de voo sobre a Ucrânia, um pedido até agora recusado pelos líderes ocidentais, com receio que o conflito possa escalar para uma guerra global. “Fechem o céu, e nós próprios iremos gerir a guerra no solo”, escreveu Zelenska.

“Décadas longe dos holofotes”

A primeira dama ucraniana, de 44 anos, “passou décadas longe dos holofotes”, em contraste com o seu marido, antigo ator e comediante, segundo o Daily Mail.

O casal frequentou a mesma escola em Kryvyi Rih, no centro da Ucrânia, mas só se conheceram quando estudaram na Universidade Nacional da cidade.

Olena Zelenska estava a estudar para ser arquiteta, enquanto Volodymyr Zelenskyy era estudante de direito — embora nenhum deles tenha acabado com carreiras relacionadas com os seus diplomas.

Casaram-se em 2003, quando o líder da Ucrânia fundou uma empresa televisiva, a Kvartal 95 Studio.

Zelenska trabalhou lá como argumentista em alguns programas, incluindo Servant of the People, um programa de comédia satírica estrelado pelo seu marido, sobre um professor da escola que se torna presidente.

A primeira dama era contra a decisão do seu marido concorrer à presidência, e chegou a dizer a uma estação de televisão local “que se opunha completamente à ideia'”.

“É um movimento muito difícil, nem sequer é um projeto, é outra direção na vida”, sublinhou na altura.

Apesar das suas dúvidas, Zelenska soube, através dos meios de comunicação social, a 1 de janeiro de 2019, que o marido se tinha anunciado como candidato presidencial.

Meses após ter ganho as eleições, Zelenska contou à Vogue que quando perguntou ao marido porque não lhe contou que se tinha candidatado, a resposta de Zelenskyy foi “esqueci-me”.

“Sou uma pessoa não pública”

Durante três anos, desde a vitória esmagadora de Zelenskyy nas eleições, Zelenska acompanhou-o numa série de compromissos internacionais, visitando países como a França e a Turquia.

Em outubro de 2020, o casal conheceu o Príncipe William e Kate Middleton no Palácio de Buckingham, durante uma visita oficial de dois dias ao Reino Unido.

Zelenska também orientou o seu próprio percurso na vida pública, apesar de se sentir desconfortável na ribalta. “Sou uma pessoa não pública“, referiu em entrevista à Vogue, pouco depois de se tornar primeira dama.

“Mas as novas realidades exigem novas regras, e eu estou a tentar cumpri-las”, acrescentou Zelenska, que apareceu na capa de uma revista de moda.

Revelou também que uma das suas ambições no seu novo papel era a reforma da nutrição escolar. “Quanto mais cedo as crianças forem educadas para comerem de forma saudável, mais fácil será explicar mais tarde que os brócolos são melhores do que as salsichas”, comentou Zelenska.

A primeira dama ucraniana também liderou a criação de dezenas de abrigos para vítimas de violência doméstica e promoveu o Congresso de Mulheres Ucranianas, que trabalha em prol da igualdade de género.

A invasão russa forçou Zelenska a “assumir uma nova posição”, segundo o The New York Times.

Está agora a utilizar a sua plataforma para “mostrar os crimes contra crianças e idosos, e estender a mão para além das fronteiras do seu país para pedir ajuda”.

Por razões de segurança, a localização atual de Zelenska e dos seus dois filhos — Oleksandra, de 17 anos, e Kyrylo, de 9 anos — é desconhecida.

Zelenskyy disse ao Channel 4 News, a 2 de Março, que só tinha visto a sua família uma vez, desde o início do conflito.

Mas a primeira dama tem vindo a levantar a moral pública, através de publicações regulares nos meios de comunicação social.

Não terei pânico nem lágrimas“, escreveu Zelenska no Instagram, pouco depois de Vladimir Putin ter lançado a invasão russa, a 24 de fevereiro.

“Estarei calma e confiante. Os meus filhos estão a olhar para mim. Estarei ao lado deles. E ao lado do meu marido. E ao vosso lado“, concluiu.

Alice Carqueja, ZAP //

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