Observatório de preços e reembolso quando há greve. 18 medidas para sobreviver à crise

Perspectiva da DECO, que defende uma fiscalização de evolução dos preços dos produtos e das promoções.

Numa altura de inflação elevada, de recordes nos valores de alguns produtos e de crise financeira em muitas casas, olhar para os preços passou a ser ainda mais relevante para os portugueses.

Têm surgido dúvidas em relação a aparentes “esquemas” por parte das empresas ligadas ao comércio, incluindo campanhas duvidosas, apresentarem um preço na prateleira e outro na caixa, ou aproveitarem o contexto que a guerra na Ucrânia criou para terem margens de lucro maiores.

A DECO quer um observatório dos preços que fiscalize a evolução dos preços dos produtos e das promoções.

A Associação de Defesa do Consumidor criticou as subidas muito acentuadas de preços e as campanhas pouco transparentes.

A DECO referiu na Antena 1 um exemplo: uma promoção num supermercado, que anuncia redução de preço de 40%. A redução tem que ter como referência o preço daquele produto nos últimos 15 dias.

“E há uma entidade fiscalizadora que controla esses preços? Que confirma que aquela redução é feita em relação ao preço dos últimos 15 dias? O observatório iria fazer isso. E deveria ter várias entidades e sobretudo associações de consumidores, que pudessem servir para alertar as pessoas”.

Muitos consumidores têm contactado a DECO devido às suas dificuldades e alguns casos são bastante mais complexos do que o habitual.

18 medidas

Estes alertas surgem no contexto do Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, que se assinala hoje, quarta-feira.

A criação de um observatório de preços e a redução do IVA para 6% em todas a componentes da fatura de eletricidade e do gás são duas das 18 sugestões do roteiro para sobreviver à crise elaborado pela Deco.

O roteiro da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) pretende incentivar o debate público sobre as condições de vida dos consumidores e assegurar a tomada de decisões que possam “promover o bem estar social e económico dos cidadãos”.

Entre as 18 sugestões da Deco estão, na área da alimentação, a criação de um observatório que fiscalize a evolução dos preços dos bens, bem como das práticas comerciais, e legislação que reforce a transparência e a obrigação de informação ao consumidor em produtos alvo de reduflação [quando reduzem as embalagens mantendo os preços].

O reforço da oferta de produtos de marca própria e nacionais, com especial enfoque num cabaz de bens essenciais, é outra das sugestões do roteiro para sobreviver à crise.

Na área da mobilidade, a Deco defende o direito ao reembolso por parte de titulares de passes em caso de greve, a criação de uma tarifa social para os transportes públicos coletivos e a isenção de IVA no transporte ferroviário, incluindo no suplemento de bagagem pelo transporte de bicicletas e trotinetes.

Na habitação sugere incentivos fiscais e sociais “que garantam um verdadeiro equilíbrio e oferta no mercado”, a criação de “programas inclusivos” e adaptados às necessidades de todos os consumidores, que incluam o arrendamento e a aquisição de habitação própria e permanente, e menos burocracia no apoio ao desempenho energético habitacional.

Além da redução para 6% no IVA de todas as componentes da fatura de eletricidade e gás natural, a Deco propõe a reavaliação dos critérios da tarifa social, tendo em consideração o atual contexto da inflação e o alargamento dos beneficiários relativamente ao gás natural, assim como a simplificação e apoio à mudança de comercializador.

Já na área das comunicações eletrónicas, sugere a disponibilização, por parte de todos os operadores, de um pacote económico de serviços que inclua telefone (fixo e móvel), internet e TV (número reduzido de canais, mas de oferta variada), a preços reduzidos e sem contrapartidas.

Defende igualmente a interdição – com medidas temporárias – de aumentos anuais dos serviços de comunicações superiores à média ponderada da taxa de inflação dos últimos 10 anos, assim como a proibição do aumento dos preços e taxas aplicáveis a serviços postais durante este ano.

No roteiro para sobreviver à crise elaborado pela Deco há ainda sugestões como a aplicação obrigatória da tarifa social por todas as entidades gestoras de abastecimento, saneamento e resíduos e a aplicação de tarifas de resíduos que premeiem quem separe para reciclar.

Com as soluções apresentadas neste roteiro, a Deco diz acreditar que as famílias “conseguirão ultrapassar a crise, assegurando a salvaguarda dos seus direitos e interesses por todos os setores da economia nacional”.

ZAP //

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