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O que é o “sleepmaxxing”? Tendência do TikTok pode ser perigosa

A rotina antes de dormir deixou de ser o clássico “xixi cama”. Agora, há diversas preparações a fazer: algumas mais benéficas para a saúde do que outras, alertam os especialistas.

“No passado, pensava-se que dormir não era importante”, começa por dizer o professor de medicina Jag Sunderram à CNN. “Penso que a tendência para compreender que o sono é realmente importante, que a razão pela qual o sono é importante e que se deve concentrar no sono é uma coisa boa”, acrescenta.

O problema é que o #sleepmaxxing levou esse princípio demasiado a sério. Trata-se de uma tendência (ou “trend”, em inglês), que soma centenas de milhares de visualizações no TikTok e outras redes sociais. Consiste em acrescentar uma grande quantidade de atividades ou produtos à prática de… dormir.

Algumas das dicas dadas por “influencers do sono” são evidências científicas: não beber café ou álcool nas horas antes de ir para a cama, evitar a luz azul (dos telemóveis, por exemplo), dormir num quarto fresco e escuro e regular as horas de sono, por exemplo.

Até a estranha prática de utilizar cobertores com pesos (literalmente, cobertores mais pesados), pode ser, de facto, benéfica. O peso leva o corpo a segregar um pouco mais de oxitocina, a “hormona do amor” que os humanos experienciam quando dormem abraçados, por exemplo. Consequentemente, sentem-se relaxados e reduzem a hormona do stress, o cortisol, que pode interromper o sono.

Só que as coisas complicam-se, e já há pessoas a adicionar, por exemplo, tiras nasais para respirar melhor. Esta prática, alertam os especialistas é perigosa para quem tem, por exemplo, apneia obstrutiva do sono, um colapso total ou parcial das vias respiratórias. Pode também causar danos nos tecidos.

“Se alguém sentir que a dificuldade com a respiração nasal está a afetar o seu sono, deve falar com o seu profissional de saúde”, alerta a professora de medicina do sono Anita Shelgikar.

Outras dicas frequentes são aplicações que monitorizam o sono. Rafael Pelayo, professor de medicina especialista em sono, explica que essas aplicações podem deixar o utilizador stressado e até influenciar o próprio sono, nomeadamente quando dão um feedback negativo sobre a forma como dormimos.

Outra bizarra prática são os óculos de luz vermelha. Aqui, a ciência divide-se: há quem acredite que estimulam a produção de melatonina, a hormona do sono.

Outro problema para a saúde pode também ser a ingestão de suplementos, como magnésio ou melatonina, também promovida por esta “cultura do sono”. “Algumas condições médicas podem piorar com o uso de suplementos de magnésio“, explica Shelgikar. Qualquer distúrbio do sono deve ser primeiramente avaliado por um profissional de saúde, explica.

Claro que ter uma boa rotina de sono pode ser benéfico, desde as soluções “naturais” (sim, os sleepmaxxers também ingerem, por exemplo , kiwis, que têm antioxidantes e precursores de serotonina que podem ajudar a adormecer), mas os especialistas alertam que dormir não pode ser uma “tarefa de alta pressão”.

Shelgikar resume: “Para algumas pessoas, estar demasiado atento à otimização do sono e aos padrões de sono todas as noites pode aumentar o stress e piorar o sono ao longo do tempo.”

ZAP //

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