O primeiro-ministro diz que 2024 foi um ano de viragem e inclui nas prioridades para o futuro uma imigração regulada, o combate à criminalidade, o reforço dos serviços públicos e executar um grande investimento de habitação pública. A oposição diz que Luís Montenegro vive num “oásis”, alheado da realidade.
Na sua primeira mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, Luís Montenegro considerou que o governo PSD/CDS-PP que lidera desde 2 de abril “trouxe novas prioridades e novas opções”. “Não viemos para olhar ou criticar o passado. Viemos para cuidar do presente e construir o futuro”, afirmou.
Montenegro passou em revista várias decisões do executivo, como a valorização salarial geral e de várias carreiras, medidas específicas para jovens e idosos, e deixou uma garantia sobre as contas públicas.
“Esta nova política de baixar os impostos e valorizar os salários e as pensões é realizada com rigor e equilíbrio orçamental. E é um elemento de política económica e social”, referiu.
Na parte mais virada para o futuro, Montenegro afirmou que o Governo pretende “continuar a reforçar os serviços de saúde e a garantir uma escola pública de qualidade, desde a creche até à universidade, sem esquecer o ensino profissional e tecnológico”.
Melhorar os transportes públicos e executar “o maior investimento em habitação pública” desde os anos 90 são outras das promessas, numa mensagem em que também se refere às políticas de imigração e de segurança.
“Vamos promover uma imigração regulada para acolher com dignidade e humanismo aqueles que escolherem viver e trabalhar no nosso país”, referiu Montenegro.
Mais à frente, o primeiro-ministro prometeu o combate à “criminalidade económica, o tráfico de droga e a criminalidade violenta”.
“Somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos”, reiterou.
É com sentido de união que desejo a todos um Feliz Natal e um próspero 2025! O Governo acredita na capacidade de superação de todos vós, no vosso espírito de solidariedade e tolerância. Trabalhamos — juntos — para não deixar ninguém para trás. pic.twitter.com/UcQ2ZanNTw
— Luís Montenegro (@LMontenegropm) December 25, 2024
O primeiro Natal num “oásis”
Tanto à esquerda como à direita, a primeira mensagem de Natal de Montenegro enquanto primeiro-ministro não foi poupada de críticas.
A líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, afirmou que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “contrasta com a realidade”, com as medidas tomadas pelo Governo que “cavalgam uma perceção de insegurança que não é real e aproveita para entrar numa deriva de populismo totalitário”.
Também sobre o tema quente do momento, o Bloco de Esquerda afirmou que o Governo devia “pedir desculpas ao país” e reconhecer que a operação policial no dia 19 no Martim Moniz, em Lisboa, foi “uma ação politicamente motivada”.
“O governo reconhece que Portugal é um país seguro, no entanto, tratar as pessoas com dignidade e humanismo não é encostá-las à parede como vimos nas operações dos últimos dias”, afirmou Aliyah Bhikha, da comissão política do BE, em reação à mensagem de Natal de hoje do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
“Entramos em 2024 e saímos de 2024 com uma crise, tanto na habitação como na saúde, cada vez mais agravada. O Bloco de Esquerda tem apresentado propostas diversas e sabemos que faria um caminho diferente do que tem sido feito”, acrescentou.
O PCP também considerou que, na mensagem de Natal, Luís Montenegro, descreveu “um país ao contrário” do verdadeiro e que “não cola com a realidade e com as dificuldades de milhões de portugueses”.
Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, considerou que a mensagem de Luís Montenegro “não augura nada de positivo, porque se não se identificam os problemas, não se é capaz de resolver os problemas como há necessidade de se fazer”.
Já presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, acusou o primeiro-ministro de ter feito “um discurso muito afastado das necessidades do país”.
Para Rui Rocha, Luís Montenegro falou um país que “é um oásis”, mas “é um oásis em que só vive o primeiro-ministro e o Governo da Aliança Democrática (AD), os portugueses vivem em condições que não são aquelas que constam do oásis que o primeiro-ministro quer apresentar”.
Rui Rocha enumerou ainda os “falhanços claros” do Governo: “A Saúde, a Educação, eu vi a reação do PSD ao discurso do primeiro-ministro, mas vem falar da Saúde e da educação como se alguma coisa tivesse melhorado, está tudo na mesma ou pior”.
“Como é possível apresentar alguma coisa num discurso em que se diz que se melhorou alguma coisa na Saúde e na Educação? São falhanços claros deste Governo da AD. Depois a habitação. Tivemos agora notícias em que se diz que a habitação, agora no 3.ª trimestre subiu 10%”; apontou.
Questionando “como é que é possível fazer um discurso auto-elogioso quando nada de essencial mudou e muitas coisas pioraram”, Rui Rocha referiu também a necessidade de diminuir a carga fiscal e fazer reformas no Estado, considerando que a mensagem desta noite denota a falta de capacidade do atual Governo.
ZAP // Lusa