O peixe está mais barato… mas mais caro

Apesar de terem capturado mais peixe em 2023, os pescadores portugueses receberam menos por quilo — e os consumidores finais pagaram mais pelo pescado.

O preço médio do peixe fresco descarregado nos portos nacionais caiu 6,8% face ao ano anterior, segundo o Jornal de Notícias.

E se o Índice de Preços no Consumidor (IPC) para o peixe fresco cresceu 3,8%, o preço médio do peixe fresco vendido nas lotas desceu 6,6%, fixando-se nos 2,47 euros por quilo.

Olhando para exemplos como o da cavala: as capturas deste peixe cresceram 52,4% em relação ao ano anterior, resultando num preço médio muito baixo de cerca de 40 cêntimos por quilo.

No entanto, a diminuição nas capturas de espécies mais procuradas como a pescada, a faneca e o polvo ajudou a elevar a média dos preços, devido ao seu maior valor de mercado.

A sardinha também aumentou na disponibilidade — 25 mil toneladas capturadas em 2023, face às 9677 toneladas em 2019 — e o preço por quilo caiu para 1,07 euros devido ao excesso de oferta.

Importações

As importações, especialmente de Espanha, mexeram com o mercado. As grandes superfícies comerciais optam muitas vezes por abastecer-se de fontes estrangeiras, prejudicando a indústria pesqueira nacional. Só os consumidores podem estar mais conscientes e sustentar a pesca local, procurando pescado nacional.

As capturas “estão dentro das expectativas”, mas o preço médio fica “um pouco aquém”, começa por dizer o presidente da Anopcerco — Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco, Humberto Jorge, ao Jornal de Notícias.

“O mercado em fresco é que está a ter oscilações muito grandes, em parte devido ao facto de as grandes superfícies estarem a recorrer a abastecimento de Espanha. Era bom que o consumidor português exige-se a origem dos seus produtos. Pode e deve exigir e contribuir para a sustentabilidade da nossa pesca”, sublinha.