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O novo Canal do Suez é hoje inaugurado

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Navios de mercadorias atravessam o canal do Suez

O Egito inaugura esta quinta-feira com pompa um alargado canal do Suez, obra que espera ser um sinal ao mundo de que apesar da agitação dos últimos anos, o país está a planear o futuro.

“O Egito está a seguir em frente”, disse à agência Lusa o embaixador do Egito em Lisboa, Ali Elashiry, salientando que a expansão do canal trará consigo, pelo menos em planos, a construção de vários centros logísticos e de transportes e a criação de “um milhão de empregos”.

O diplomata indicou que o projeto, “em estudo há várias décadas”, prevê ainda a construção de “um aeroporto, quatro portos e um centro logístico” no qual quer a China quer a Rússia já demonstraram interesse.

Ali Elashiry afirmou que “criar emprego é criar estabilidade e segurança”, prevendo que o sucesso do renovado canal e das infraestruturas será essencial para alivar a pressão de imigrantes do norte de África que atravessam o Mediterrâneo aos milhares para chegar à Europa.

Num país que ainda é agitado regularmente por ataques de militantes que visam autoridades policiais, de segurança e judiciais, além de tensões religiosas, a obra do canal do Suez é motivo de orgulho para os egípcios, afirmou.

No que toca às relações comerciais com Portugal, o diplomata afirma esperar que a expansão do canal as possa diversificar e até tornar mais baratas as importações portuguesas, apontando que as trocas comerciais entre Portugal e o Egito atingem os 166 milhões de euros anuais.

O inédito modelo de financiamento da obra, através da emissão de certificados de investimento destinados apenas a cidadãos egípcios a viverem no território, permitiu arrecadar 7,8 mil milhões de euros.

A expansão do canal, a primeira em 145 anos de existência, consiste numa nova via paralela com 37 quilómetros, e no alargamento e aprofundamento da via original, que mede 72 quilómetros, numa extensão de 35 quilómetros.

A previsão é que possa aumentar de 49 para 97 o número de navios a passar diariamente pelo canal e que o tempo de navegação seja reduzido de cerca de 20 para 11 horas.

NASA

Porto de Suez, no Egipto, foto de satélite da NASA

Porto de Suez, no Egipto, foto de satélite da NASA

Segurança e concorrência

Questionado sobre ameaças ao sucesso do empreendimento, como questões de segurança e a concorrência de outras rotas comerciais, Ali Elashiry referiu que nos últimos nove meses, passaram pelo canal cerca de 10.400 navios e 586 milhões de toneladas de carga e que no primeiro trimestre do ano as passagens renderam “1,5 mil milhões de euros, mais 102 milhões de euros” do que no mesmo período de 2014.

A tendência é de crescimento, frisou, descartando ameaças à segurança do canal, que “nunca parou a navegação”, mesmo quando o país entrou em agitação em janeiro de 2011, no levantamento popular que levaria à queda de Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

Desde então, o clima político no país tem sido de agitação. O islamita Mohamed Morsi, eleito em 2012 nas primeiras eleições presidenciais democráticas, foi alvo de intensa contestação popular e acabou por ser deposto pelas Forças Armadas em 2013, num conjunto de ações contra a Irmandade Muçulmana, à qual Morsi pertencia.

Em 2014, o ex-comandante das Forças Armadas, Abdel Fatah al-Sisi, tornou-se presidente numas eleições em que o partido da Irmandade Muçulmana foi impedido de participar. A 6 de agosto, lançava a empreitada de construção da expansão do canal, garantindo que a obra, prevista inicialmente para durar três anos, estaria completa em apenas um.

A governação da era al-Sisi tem sido marcada por uma perseguição aos membros da Irmandade Muçulmana, com dezenas de condenações à morte, incluindo de Morsi e dos seus principais adjuntos, bem como o combate aos extremistas do ramo egípcio do Estado Islâmico, instalados na península do Sinai, entre o canal do Suez e a fronteira com Israel.

O diplomata e ex-militar afirma que “no Egito o povo continua ao lado das Forças Armadas porque toda a gente tem alguém da família que é militar”.

“Qual é o problema de ter um exército forte?”, questiona, afirmando que o papel das Forças Armadas foi essencial em evitar que o país caísse no caos durante a revolução de 2011, como aconteceu à vizinha Líbia após a queda do regime de Muamar Kadhafi.

Para garantir a segurança, o exército reforçou a vigilância em todos os acessos ao canal e na zona em volta da obra, e todos os ramos das Forças Armadas estarão envolvidas nas cerimónias de abertura.

/Lusa

1 Comment

  1. Quanto ao país em questão nuns locais é Egipto como sempre o conheci noutros passou a ser Egito, só espero que o país não tenha mudado de nome ou que curiosamente tenha dois nomes.

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