A dois minutos e meio do final, Portugal perdia por dois golos. E venceu, num jogo com 19 golos. Mas a Espanha continua perto da final do Europeu de hóquei em patins.
Claro que, se Portugal não tivesse ganhado, se calhar não estaríamos aqui a colocar a hipótese de este jogo ter sido o melhor duelo ibérico de sempre no hóquei em patins. Mas Portugal ganhou. Estava a perder por dois golos muito perto do final, mas ganhou. Muitos golos, muita incerteza, muitas reviravoltas, várias exclusões e…10-9, um jogo com 19 (!) golos, na quarta jornada do Europeu em Paredes.
O encontro desta quinta-feira terminou bem mas não começou bem para os portugueses: Ignacio Alabart inaugurou o marcador logo nos segundos iniciais. João Rodrigues empatou, Pau Bargalló marcou mas Gonçalo Alves também. Seis minutos, quatro golos. Já era um “aviso” para o que iria acontecer nos restantes 44 minutos.
Mais perto do intervalo, Rafa colocou Portugal na frente pela primeira vez. Hélder Nunes fez o 4-2 a menos de um minuto do descanso. Mas, em 50 segundos, os espanhóis chegaram ao empate, graças a Xavi Barroso e Pau Bargalló. 4-4 ao intervalo. E ainda faltava ver muito.
Nova reviravolta no terceiro minuto do segundo tempo: Xavi Barroso bisou. A Espanha chegou a uma vantagem de dois golos pela primeira vez pouco depois, quando Sergi Panadero marcou. Duas grandes penalidades permitiram a Gonçalo Alves fazer o 6-6.
No espaço de um minuto, dois livres directos bem finalizados por Pau Bargalló. A cinco minutos do fim, Hélder Nunes reduziu para 8-7 mas, mais uma vez, logo a seguir a um golo português apareceu um golo espanhol: hat-trick de Xavi Barroso.
2m22s para o final, 9-7 para a Espanha. Mas ninguém saiu do Pavilhão Multiusos de Paredes. Estavam à espera da reviravolta…que aconteceu. Gonçalo Alves reduziu (o seu quarto golo), João Rodrigues empatou e, a 14 segundos do final, Rafa fez o 10-9 final.
Hélder Nunes só chorava em campo, Jorge Silva também, no banco.
E agora, as probabilidades
Portugal ganhou mas a presença na final não está assegurada. Longe disso. A classificação está assim: França lidera com 10 pontos, Portugal e Espanha somam sete pontos cada. Os dois primeiros classificados vão estar na final.
Para estas contas, vamos partir de um princípio: Portugal vai vencer a Andorra, mais logo (21h45). Tem a “obrigação” de vencer. É com esse pré-requisito que vamos fazer as contas.
Antes do Portugal-Andorra, as contas para a final já podem estar finalizadas porque haverá um França-Espanha.
França vence a Espanha? Portugal na final.
França e Espanha empatam? Portugal na final.
Espanha vence a França por um ou por dois golos? Portugal não vai estar na final.
Espanha vence a França por mais do que dois golos? Portugal na final.
“Vamos estar na final se nos deixarem e se houver um jogo sério entre França e Espanha. Se houver um jogo sério entre França e Espanha!”, repetiu o seleccionador nacional Renato Garrido, depois do duelo ibérico.
É que pode haver um “acordo” em campo: a França deixar que a Espanha vença, desde que não seja por mais do que dois golos. E assim as duas selecções encontram-se novamente no dia seguinte, na final, afastando do jogo decisivo a anfitriã e os adeptos portugueses.
Convém reforçar uma ideia: se esta selecção de Espanha vencesse esta selecção de França por um ou dois golos, seria um resultado “normal”, previsível. Fosse qual fosse o contexto do jogo.
No entanto, ficou na memória o que a Espanha fez nos últimos 14 segundos do jogo com Portugal: não atacou. Estava a perder mas nem tentou o empate. Alguns jogadores andaram a trocar a bola e o remate só surgiu depois da última buzina. Pode ter levantado dúvidas.
As dúvidas vão começar a ser esclarecidas a partir das 18h30, quando começar o França-Espanha.