O Nelson foi amigo para as barragens algarvias. Já se pede mudança de rumo ao Governo, nas restrições ao uso de água.
O Algarve atravessou em 2023 a maior escassez de sempre de água, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente.
No ano passado já se previa que, no início de 2024, fossem anunciados cortes no consumo – entretanto confirmados.
O então ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, anunciou em Janeiro que o Algarve ia ter cortes de água de 25% na agricultura e de 15% no sector urbano, que inclui o turismo, para preservar as reservas de água e fazer face à seca.
No mês seguinte, Fevereiro, outra má notícia para os algarvios: subida do preço da água entre 15% e 50%.
Agora surge uma boa notícia: o mau tempo.
A tempestade Nelson, que chegou a Portugal continental na semana passada, chegou em boa hora ao Algarve.
O jornal Correio da Manhã sublinha que a chuva forte encheu barragens. Apenas quatro estão agora com menos de 40% do seu volume total. Numa semana, o volume médio das barragens algarvias subiu de 86,4% para 89% – e 16 delas estão a 100%.
Assim, a região deixou de estar em situação preocupante no que diz respeito à água armazenada por bacias hidrográficas.
Por isso, já se pede que as restrições mencionadas acima sejam aliviadas.
No entanto, a gestão da água tem de continuar. Como diz Macário Correia, da Associação dos Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve, a região algarvia “não passou da escassez à abundância”.
Pouco acima, na barragem de Alqueva, um recorde dos últimos 10 anos: volume de 3942 hm3 (95%), a 55 centímetros da capacidade máxima.
A barragem da Bravura, no Barlavento (oeste), só está a 20% da sua capacidade, e a do Arade, também no Barlavento, apenas a 17%. Portanto, não lancem foguetes, porque a situação ainda é má.