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Escassez de água no Algarve é a pior de sempre

(dr) Águas do Algarve

Barragem de Odelouca

A manter-se o cenário, irão ser impostos limites ao consumo no início de 2024. Controlo do consumo de água e o reforço da fiscalização das águas subterrâneas são as medidas mais sugeridas.

A escassez de água no Algarve é a “pior de sempre” e a manter-se este cenário, no início de 2024 pode ser necessário impor limites ao consumo, admitiu esta segunda-feira o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

“Este ano, o Algarve está pior do que o ano passado, está na pior situação de sempre. Nunca estivemos assim. É um caminho novo que estamos a trilhar”, afirmou José Pimenta Machado no Encontro Nacional de Entidades Gestoras da Água (ENEG) que arrancou esta segunda-feira e decorre até quinta-feira em Gondomar.

A situação é de “particular preocupação”, podendo levar “eventualmente” a APA a “tomar medidas difíceis”, em janeiro ou fevereiro, antecipou, revelando durante a sua intervenção que o conjunto de albufeiras na região do Algarve contabiliza neste momento menos 30 hectómetros cúbicos (hm3) do que em 2022.

“Tudo tem de ser avaliado em função das reservas de água. Nós estamos em pleno inverno e é no inverno que as albufeiras recuperam água. Vamos ter de fazer uma monitorização rigorosa e contínua daquilo que é evolução do nível das albufeiras e depois, eventualmente, em janeiro, fevereiro, temos de tomar medidas para que acima de tudo não falte água”, frisou.

O vice-presidente da APA aproveitou para apontar o controlo do consumo de água e o reforço da fiscalização das águas subterrâneas como possíveis medidas de mitigação da escassez de água.

O responsável disse, ainda, que a situação na Bacia do Rio Mira, no Alentejo, é semelhante à região do Algarve, contudo, naquele caso, o “consumo humano está mais do que salvaguardado”.

O responsável lembrou ainda que na região do Algarve estão a ser feitos investimentos para encontrar fontes alternativas, como o projeto de construção de uma dessalinizadora no concelho de Albufeira, que está em consulta pública até 19 de dezembro.

Estão também previstos investimentos públicos na ordem dos 342 milhões de euros provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e de fundos europeus, para aumentar resiliência na água.

A próxima crise em Portugal

O assunto é “muito sério”: depois da saúde e da habitação, “vamos ter a muito curto prazo a crise da água”, avisou o investigador Nuno Loureiro no início do mês.

O Sul de Portugal está a ser cada vez mais afetado pela seca e, se não chover este ano, o país vai-se debater com uma “crise da água”, sobretudo no Algarve e no Alentejo, afirmou o investigador Nuno Loureiro.

“Por um lado temos a crise na saúde, que enche os noticiários no dia-a-dia, é dramática e é uma crise de falta de planeamento. Temos a crise da habitação, que agora está um pouco menos falada porque estamos ocupados com o que se passa na Palestina e na Faixa de Gaza, e vamos ter a muito curto prazo a crise da água”, afirmou o investigador da Universidade do Algarve (UAlg).

“As reservas que temos já não nos garantem um ano [de consumo], ou garantem com muitas limitações. E perante esta situação não há respostas fáceis, não há soluções fáceis, mas há soluções que têm de ser adotadas e que passam por um planeamento e uma fiscalização séria”, defendeu.

Com o cenário atual, com pouco mais de 40 hm3 de volume útil nas barragens (metade do consumo anual), o Algarve só tem água até Abril de 2024.

O alerta foi dado pelo presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina em outubro.

Os avisos, citados na rádio TSF, num seminário sobre água e sustentabilidade, onde ficou uma sugestão: “É preciso estudar a possibilidade de usar a água que cai no Norte, para que possa ser utilizada no Sul”.

Há 10 anos consecutivos que chove abaixo da média no Algarve.

ZAP // Lusa

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