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Corte de água: se o problema começou há 10 anos, porque demoraram as medidas?

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Hugo Pires / Facebook

Hugo Polido Pires

Governo anunciou cortes significativos de água no Algarve. Secretário de Estado explica a demora em aplicar alterações.

O Algarve vai ter cortes de água de 25% na agricultura e de 15% no setor urbano, que inclui o turismo, para preservar as reservas de água e fazer face à seca, anunciou o ministro do Ambiente, nesta quarta-feira.

Em conferência de imprensa, realizada após uma reunião da comissão que acompanha os efeitos da seca, em Faro, Duarte Cordeiro classificou a situação na região como sendo grave e apelou ao empenho de todos os setores para garantir que as reservas de água chegam ao próximo ano.

Se nada fosse feito relativamente à moderação do consumo, chegaríamos ao final do ano sem água para abastecimento público” no Algarve, referiu o governante, que presidiu àquela reunião com a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.

Na reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que durou quase quatro horas, foram decididos cortes menores que os que estavam inicialmente previstos para a agricultura, que se estimavam 70%.

O ministro do Ambiente disse que a capacidade das albufeiras do Algarve se encontra a um nível de 25%, comparado com os 45% do ano passado pela mesma altura, explicando que há “necessidade objetiva” de tomar medidas para garantir que haja água na região em 2025.

“Por uma questão de cautela“, adiantou o governante, para a gestão de recursos do ciclo urbano foi apontado como limite de redução o consumo de água mais baixo dos últimos 10 anos, cerca de 64 hectómetros cúbicos, o que corresponde a uma redução de cerca de 15% face ao consumo do ano passado (cerca de 74 hectómetros cúbicos) e de cerca de 8% face à média dos últimos 10 anos.

Em relação ao setor agrícola, foi considerada a água necessária “para, pelo menos, garantir a subsistência das espécies” e a água que se pretende reservar para o início do próximo ano, apontou Duarte Cordeiro.

No consumo doméstico, avançou o ministro do Ambiente, “cada município vai ter de conseguir poupar 15%” do que consome, e caso haja dois meses de incumprimento estão previstas penalizações, que podem passar por penalização em preço na distribuição em alta ou redução de volumes de água.

A demora

Duarte Cordeiro disse que a (pouca) precipitação já começou a ser preocupante há 10 anos, em Portugal.

Uma versão repetida horas depois por Hugo Polido Pires, secretário de Estado do Ambiente.

Então porque não houve medidas estruturais mais cedo? “O Governo teve de fazer estudos, encontrar financiamento, fazer avaliações de impacto ambiental, discutir os investimentos com a região e, depois de encontrarmos os financiamentos, avançamos para estes investimentos”, respondeu Hugo Pires na RTP.

Apesar dos problemas que se prolongam há anos, só na semana passada o Governo anunciou que vai abrir em breve um concurso – ainda o concurso – para ser construída uma dessalinizadora no Algarve, em Albufeira.

A dessalinização serve para eliminar os sais minerais dissolvidos na água, para obter água doce para consumo humano ou agrícola.

O secretário de Estado avisou que o cenário não deve melhorar nos próximos tempos: não deverá chover mais do que tem chovido ao longo dos últimos anos.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Penso que está a ver a questão ao contrário; o turismo é provavelmente a maior receita do Algarve e alimenta muitas famílias, pelo que há que manter o golfe activo e atractivo. Se fecharem os golfes, como muita gente pretende, há muita empresa que fecha e o desemprego aumenta….

    O numero de turistas que vai jogar ao Algarve é cada vez maior. Os campos de golfe criam muitos postos de trabalho, directos e indirectos, mantêm os hotéis abertos e muitas empresas a funcionar. Se queremos turismo, há que manter tudo a funcionar muito bem, para os camones continuarem a vir cá deixar dinheiro e temos que continuar a ter capacidade de atrair turistas ou vão para outros lados.

    O problema não são os golfes ou a agricultura, mas as infraestrutura, já que tudo cresceu e os equipamentos essenciais não foram construídos, pelo que agora, o problema é grave…

    O que já deveria ter sido construído é mais armazenamento e infraestruturas de distribuição de água, porque há muitos anos que a maioria escorre livremente para o mar…

    Há muita água, apenas tem que ser bem gerida e sempre houve dinheiro para esbanjar em muita coisa, mas para o essencial, não parece haver pressa.

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